segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

A gente se vê.


A verdade é que eu adoro você.
Sempre vou adorar.
É o tipo de coisa que sempre soube, mas me faltou coragem de traduzir em palavras.
Adoro o silêncio que existe entre uma e outra risada sua.
Como ainda sei o que você pensa, sem nada precisar ser dito mais.
Adoro o ritmo da sua respiração enquanto fala comigo.
Quando isso acontece, realmente parece que faz dois minutos que comecei a adorar você.
Adoro o fato das coincidências sempre existirem.

estava mesmo pensando em você!

Eu também, eu também.

Sei que não vai ser raro sentir as saudades.
Mas, elas tem se desprendido de mim.
Eu quis tanto isso.
Assim como quis tanto te ver feliz.
Era apaixonada por tentar te fazer feliz.
E o fiz justamente quando deixei você livre.
Não que tenha te deixado. Nos deixamos. Deixamos ser e como a vida faz, foi.
Se eu te escrevesse uma carta hoje, faria você me prometer que vai ser feliz assim pra sempre.
Você, Meu coração tá limpo e cheio de Sol.
E, eu sei, a gente se sabe.
Carinho.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Pra minha gente boa.

Pra dançar até o pé cansar,
Pra lembrar que sempre pode ser pior,
Pra tirar a melhor gargalhada,
Pra lembrar de velhas histórias.

Pra ser um pouco mais,
Pra ajudar a correr do temporal,
Pra ajudar a enfrentar essa vida,
Pra aguentar o calor e emprestar o ombro.

Mostrar que ainda tem verdade,
Que sempre dá pra ser mais que só metade.
Que é dura, mas é boa a realidade.
Mostrar que o verão chegou e é tempo de flor.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Trovoada.

Hoje fez silêncio.
Nenhuma palavra.
Nenhuma conclusão.
Tudo quieto.
E a sensação de que tudo já fora antes dito.
Tudo isso já fora sentido.
Grandes poetas, o músico da esquina, corais de câmara já ensaiavam isso antes d'eu nascer.
O cara que morreu hoje de manhã e tantas outras pessoas nesse tempo que não cabe souberam o que descubro.
Mesmo assim insistia em tentar escrever aqui, pra ver se entendo o que se passa aqui.
Tem coisa que é soco na boca do estômago.
Me lembra a chuva dos ar condicionados da Rio Branco, na primeira gota você acha que é chuva, um segundo depois você vê que foi gota.
Hoje não me restam tentativas, nada do que escrevera em tantas páginas se repete, ou faz sentido, ou é diferente desse silêncio. E choveu uma gota.
Acho que é um intervalo que o tempo me deu.
Não é uma conclusão, mas é o que esse silêncio imprime em mim.
Um intervalo, pra tomar um ar, um sol e uma cerveja.
Gota.
Pra começar tudo de novo.
Tá quieto. Mas, não chove mais.
Gota.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Pra te ajudar a colar.



"Pois é; Fica o dito e o redito por não dito; E é difícil dizer que foi bonito; É inútil cantar o que perdi"
- Chico Buarque-

Não sei, tenho observado as pessoas diante do fim.
Dá agonia. Maldizendo pra não dizer.
Querendo destruir o que esteve ali.
As coisas passam mas não acabam, meus bens.
Ficam acontecendo lá, onde aconteceram ou estiveram pra acontecer o tempo todo.
Você pode seguir, deve seguir!
Mas não maldiga, nunca diga.
Tem beijo que fica ali, na esquina esperando.
Mas passou por não ser beijo beijado.
Ligação que nunca completa, que não foi completa porque faltou um eu te amo
E, que assim foi... desligada.
Entre um suspiro e uma dúvida morou aquela vírgula que pouparia tantos pontos reticentes e decidiria o tal ponto final.
Mas, não diz mal. Não foi mal.
Foi.
É difícil dizer o que foi bonito. Mas, se foi bonito deixa ser.
E, quando eu não digo, estou dizendo.
E toda vez que calar é por falar demais.
E quando te fizer um desenho, entenda que é meu jeito de cantar.
Toda vez que digo vai, é pra ir, mas, tenha a certeza de que sempre fica.
O que tem que ficar, porque fica.
Tempo.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Entretanto.


E ele caiu de pára-quedas bem em cima dela.
Todo ao contrário.
Ele era amarelo.
E ela era colorida.
Ele era de suéter e ela andava sozinha pela lapa.
Ele tinha duas gatas e ela um cachorro.
Ela queria saber tudo dele.
Ele contava só o que era bom.
Ela contou segredos e resolveu silenciar alguma dor.
Ele era e foi entre tantos.
Entretanto, longe foram encontrar perto.
Do lado de dentro podem ouvir cantar.


"Doidivana
Das noites vadias
Sendo a razão dos meus dias
Quando tu quiseres Faz um gesto, um aceno
E eu te darei este amor
Que neguei a tantas mulheres."

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Pontos finais começam com vírgulas.


Era sempre assim... Eles ficavam uns meses sem se ver, poucas semanas sem se falar.

Pra fingir que nem se gostavam tanto assim, que nem pensavam em como mudar tudo.

Mudar de casa, de telefone. Mudar o jeito como se olhavam e rapidamente denunciavam o amor que havia de vir.

Mas amor não tem anúncio, mas, isso eles não sabiam.

Da última vez que lembro, ela inventou um jeito de se aborrecer. Pediu que ele sumisse, pouco adiantou, ele já estava no meio das frases, entre os neurônios, gravado nas veias.

Mas, numa súplica boba, bêbada e súbita, pediu!

Some... Eu nunca menti pra você, né.

Ele respondeu que não sabia disso não.

Nem ela sabia. Eles não sabiam que amor, amor acaba também.

Depois desse intervalo teve o encontro de novo. Eles adoravam brigar, só pra se saber importante.

Ele disse a ela que lembrara dela no trabalho, e que aprendera como era importante tê-la a seu lado. Do jeito certo, com a palavra que de tão certa parecia ter sido sempre dita.

Ela disse que não precisava falar da falta dela no trabalho para falar da falta dela na vida.

Ele respondeu, como só ele saberia... Como se sempre tivesse dito... Respondeu que no trabalho só foi diferente. Porque na vida a falta dela acontecia todos os dias, a presença dela também.

Ficaram de se encontrar, e ele ligou quando ela passava por acaso pela sua porta.

Os acasos que misturaram tantas notas, costuram esse soneto sem métrica.

Ela subiu, e sem se dar conta, percebeu ali o que mudara nos meses passados e no presente. Mudara o amor.

Ela sentia falta da carne, do osso, mas, principalmente, do ombro e das mãos.

Quando se viram, descobriram que cavam-se abismos com os próprios pés, e que abraços podem ser distantes, e que às vezes saímos do corpo pra não sentir mais.

Ela queria entender e estava ali pra ouvir. Ele pediu pra falar e resolveu mostrar as roupas novas que ela não conhecia.

Ela riu de como as coisas podem ser estranhas. Roupas novas?sério?

Eles não sabem se choraram, mas tiveram a certeza de que era o começo do fim daquilo que um dia se chamaram nós.

Um beijo na testa, a hora do futebol, andar lado a lado, o táxi.

Eles se olharam nos olhos, enquanto o carro saia, ele da outra esquina perguntou o que ela fez dela, estava tudo tão diferente
Ela? Ela se fez.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Abraço.


Olá,
"Fala mala!"
Eu vi suas mensagens. Mas, estou super enrolada na vida toda.
Quanto a musiquinha confesso que fiquei emocionada ...Me fez lembrar
de um monte de coisas.
Foi uma boa saída pela tangente né...Como sempre não falando
o que podia falar.
Ler nas entrelinhas dá trabalho, ainda mais nos dias de hoje..
O Sol tá quente e eu acordo muito cedo rsrs
Estranho apesar do relativo tempo e a factual distância eu ainda saber dessas coisas sobre você. Deve ser karma, mané!
Ou talvez, realmente a gente não desconheça o que a gente conhece..sei lá..filosofia barata?
Enfim, o sinal tá aberto por hora.
Espero que o seu carro esteja funcionando bem e a estrada esteja florida!
A minha caminhada tá corrida pra cacete.
Mas, fazia tempo que não me sentia tão feliz.
Sinto saudades de você também.
Mesmo que esse também não tenha sido precedido da sua fala eu leio ele por aí.
Cuide-se bem!
Você sempre será muito importante pra mim!
Mande notícias e um dia tomamos um matte shake.
Beijos,

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Não tenho o tal tempo pra mais nada.

Se é difícil me fazer feliz?

Eu podia te responder com um belo texto. Falando de como não se deve brincar com um coração como o meu.

O último que o fez o deixou tão pequenininho que quase não deu para você entrar.

Mas, não acho que seja difícil.

Basta colorir uns dias, mostrar o que é verdade, ser engraçado só por ser mesmo.

E você é.

Você me faz ter saudade de mim.

De quem eu já fui.

Em outro tempo, em outra vida eu gostaria muito de você.

Contaria sobre meus sonhos, e sobre aqueles pesadelos estranhos. Acordaria você de madrugada só para dizer que alguém gostou das nossas idéias.

E ouvir você gostar de mim iria soar como música.

Mas, meu bem, os tempos são outros... Gosto mais da chuva que molha, do vento que venta e do amor que me sorri. Não tenho mais tempo pra sonho bonito.

Quero vida vivida, assim bem intensa como tudo que posso ser e começo sendo.

Deixo você me ver, e respondendo a sua outra pergunta... Não, eu nem sempre fui arisca.

Mas, nesse ano resolvi amar mais meu cachorro.

Talvez eu nem seja, e você ver isso é proibido pra nossa segurança.

Você ter me mostrado que a viagem ainda vale foi um belo presente. E, sim conseguiu o que você tenta todos os dias. Me fez feliz.

Meu bem, amanhã acordo cedo, se tivesse tempo, esteja certo, sonharia contigo essa noite.

* imagem retirada do fffound.
**Título referência ao texto de Clarice Lispector


domingo, 8 de novembro de 2009

Amigo é coisa.


mensagem pra vc!

Marcar com estrela

Annanda Galvao

23 de setembro de 2009 22:11
Para: kakarolog@hotmail.com
Cc: karolog@gmail.com
Cco: kainthesky@yahoo.com.br

Minha melhor amiga vai viajar.
Acho que o melhor que tenho a fazer é uma lista, pra que ela lembre o
que não pode esquecer.
No avião peça bastante água, é pra não desidratar e também pra você
ter que ir ao banheiro toda hora... Numa dessas você pode esbarrar com
sarkozy...ele larga a Bruni e vocês serão felizes para sempre. Ou
ainda, você é atingida por uma bagagem de mão que caiu do porta
bagagem de mão e é indenizada e fica rica. Beber água faz bem mesmo!
Ouça músicas empolgantes, dessas estilo trilha de filme, tipo
crossroads! Cabelo ao vento e carão são ótimos nessas horas. Leve um
ventilador de bolso... Aquele da hello kitty serve!
Ah não se esqueça de pensar nas unhas... Você vai olhar bastante pra
elas, ainda mais antes de conhecer seus novos amigos. Então, que seja
de uma cor encorajadora!
Quando conhecer seus novos amigos, esqueça-se um pouco dos velhos...
só lá! É pra evitar comparações... sabe como é... ninguém igual a essa
que vos escreve, ou igual as bitchs, ou a tríade, ou a Fernanda.
Mas, podem ser pessoas legais... melhor: necessárias!
Toda eurotrip deverá ser feita de grandes e instantâneos novos
amigos... não seja tão criteriosa!
Outra coisa : romance barato! Isso mesmo! Não se esqueça de romancear
tudo... alguém te emprestar uma caneta, em Paris, pode ser entendido
como um pedido de casamento! Pense assim e imagine muito. Ah! Escreva
nas horas vagas. Espero que elas não sejam muitas.
Faça de tudo para que não sejam!
Não se esqueça de andar sozinha e se sentir dona do mundo... E,
principalmente de você. Sabe, você pode ainda não ter certeza, mas já
é há tempos.
Ah! Não se esquece de deixar as antigas neuroses e psicoses aqui...
essa é a hora de inventar novas! Tipo: não pisar em azulejos de antes
do séc. XVII. Ou seja, essa mania de se sentir o peixe fora d’água não
rola mais, não cola mais, não decola assim.
Não esqueça de comer coisa gostosa, de beber como se não houvesse mais
amanhã. Mas, toma cuidado. Não se esqueça que tem gente doida em campo
grande, nova Iguaçu e lá.
Não se esqueça de visitar todos os museus, nem de lembrar de mim lá!
Não esquece de estudar, se enfiar em palestras, contar uma boa
mentira, conhecer gente torta e colorida, de não chorar se tiver dor
de barriga, de andar com o treco do plano de saúde perto de você.
Não se esquece de lembrar todas as histórias, a marca de detergente e
esponja e se são diferentes dos daqui.
Não esquece de chorar no Sena, de tirar foto da monalisa e de gente
fashion na rua.
Lembra que essa viagem é seu sonho, e se desanimar, lembra que vai
sentir saudades desse tempo. Então, se anima, toma um banho e vai pra
rua!
Mas, não se esqueça principalmente que tem gente pra cacete torcendo
por você! Sabendo, mesmo que você não tenha certeza, que esse tempo
vai ser fantástico e de crescimento!
Vou sentir saudades e vou torcer pra que o tempo demore bastante, pra
que você viva bem tudo lá, aí!
Ah! Não se esqueça de trazer você de volta...isso é o mais importante
e o motivo de tudo isso!sempre melhor! Tipo Sabrina!

aacho que a essa hora vc ja ta no aviao.. so cheguei em casa agora do
evento do trabalho..to mt feliz e mt ansiosa com sua viagem!
sendo melo dramatica..meu alter ego vai com vc!
sentirei saudades de te ligar pra falar qq coisa e ouvir de vc " estou
rindo mto" ou " meu deus! me explica o que foi aquilo?" hahaha
ate em relação a esse email!
te amo tá?!
e to torcendo muito!
arrasa!
beijos!!!

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Pra não dizer que não falei dos morangos.



Isso sou eu não me importando com você.
Sou eu não dizendo que eu tenho saudades.
Sou eu não falando que mesmo com tanta mágoa e dor eu ainda quero você bem.
Sou eu tentando entender o que foi que aconteceu, o que foi verdade, o
que machuca tanto e eu finjo esquecer todo dia um pouco.
E, principalmente, sou eu querendo saber se a importância é tão
pequena pra você não dar sequer um passo em direção a mim.
Não existe receita perfeita, né?
Mas acho tão cruel quanto foi a mentira a sua indiferença.
Somos tão estranhas assim?
Ontem achei uma cartinha que você deixou no meu caderno da moranguinho
que você me deu, que eu ainda não tinha visto...
Dizendo que vc estaria sempre perto pra nao me deixar perder o foco...e cadê você?
Eu não sei.
Mesmo com esse abismo, que só existe porque vocês deixaram existir, eu
ainda quero entender.

Eu só publico quando passa e passou.
Ficou a estranheza de saber que a gente não conhece quem conhece. Eu não conheci.
Tenho mania de sentir demais e de dar fim quando acaba.
As memórias ficam, só as boas.
Tive que esquecer tudo.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Nosso segredo.


Quando era criança, lembro que minha mãe falava pra eu não conversar com meus amiguinhos o que conversávamos em casa.
Sempre fomos dados a coisas complexas, nada a toa eu estar estudando políticas culturais e meu irmão engenharia metalúrgica...Tudo muito complexo... Tudo muito complexo...
Não raro, quando criança, nossas discussões já giravam em torno de existência, modos de existir.
“-Existe vida em outro mundo?”
“-Existe vida aqui?”
“-Existe vida em mim?”
E, depois de tantas considerações já exauridos e a cada noite de conversas um pouco mais velhos, quando íamos dormir com o beijo de boa noite vinha o alerta maternal:
“Não se esqueça, não converse com ninguém sobre isso”.
Eu obedecia... E não entendia o porquê... Seria nosso segredo?
Teríamos nós quatro, do alto do terceiro andar do nosso apartamento, descoberto a cura da Aids, os segredos da Cia, as revelações de Maria?
Eu obedecia.
Até que um dia, inspirada por tantos questionamentos, e já lá pelos 7-8 anos... Perguntei pra mãe: “porquê?”.
Ela com olhos entendidos, como quem sempre sabe o que diz e o que sabe, mais esperta que o Google. Explicou o que nem o mesmo saberia buscar em segundos, minutos, horas... O Google não teria resultados para isso.
Minha mãe teve: “Não fale disso com seus amiguinhos, eles não entenderiam... Te chamariam de louca... Quando quiser falar mais, ser mais, questionar e saber... Conversa aqui em casa”.
Eu segui obedecendo... No colégio o papo era pique, meu nome é big primeiro, e o novo álbum de figurinhas das princesas. Em casa, era permitido Einstein, Jesus, Lincoln, Thomas Edson.
E, cresci assim... Sendo um pouco de um lado, um pouco de outro.
Querendo sempre muito de tudo.
Pergunto-me se mamãe estava certa, se eu falasse sobre essas coisas no colégio... Teria sido do grupinho decolado? Teria colado? Ido pra Porto Seguro com a galerinha mais cool?
Não sei.
Eu sei que eu fui.
Eu obedeci.
Sei que ela fez isso pra proteger e de algum jeito não deixou que a alma investigativa dos dois pequenos se cristalizasse diante de represálias de crianças do pré-escolar, que todos sabemos... Podem ser cruéis!
Ainda acho engraçado lembrar disso e do receio dela da gente não ser feliz porque sabia demais.
Hoje, as discussões não se limitam as nossas quatro paredes, falo aos quatro ventos e a algumas ventanias por aí.
Minha mão liberou.
Eu obedeci.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Bodas.


Talvez, só talvez.
Isso resolva pesar.
Isso resolva apesar.
Isso se resolva, pesar!

Pesa, aqui, agora, dentro.
Queria guardar em pote vedado.
Vê? Foi dado.
Dei e esgotou.

Case e guarde um pouco.
Tratei de jogar fora.
Seja feliz e torço pra que chova muito.
Suje seus sapatos de lama.
Chuva traz coisa boa.

Nosso tempo de ser feliz.
Seja.
Sendo.
Sou e não somos.

E, sim... Essa foi a última vez que escrevi pra você.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Bodas de Prata dos meus pais.

Há mulheres que dizem:

Meu marido, se quiser pescar, pesque,

mas que limpe os peixes.

Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,

ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.

É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,

de vez em quando os cotovelos se esbarram,

ele fala coisas como "este foi difícil"

"prateou no ar dando rabanadas"

e faz o gesto com a mão.

O silêncio de quando nos vimos a primeira vez

atravessa a cozinha como um rio profundo.

Por fim, os peixes na travessa,

vamos dormir.

Coisas prateadas espocam:

somos noivo e noiva.


_Adélia Prado_


Fernando Pessoa escreveu:” Viver não é necessário; o que é necessário é criar.”

E, juntos vocês criaram.

Criaram um lar cheio de flor, sorriso, carinho.

25 anos de sim.

25 anos pra querer e sempre ser um pouco mais.

Muito mais.

Desde pequena ouvi a história de vocês. Que nos dias de hoje parece
mais Estória.

Meu pai ter conhecido primeiro o irmão da minha mãe. E, mesmo sem
imaginar fazer a brincadeirinha “vou casar com a sua irmã”.

Repetindo, assim, a história dos meus avós maternos. Coincidência?

Ele não casaram uma vez, mas todos os dias desses 25 anos.

Casaram quando disseram sim.

Casaram de branco, de vontade e sendo amigos.

Casaram quando foram morar juntos, dividir conta e travesseiro.

Casaram quando souberam de mim, casaram quando souberam do Gui.

Casaram quando aprenderam a cuidar de umbigo de bebê, pneumonia de
criança, joelho ralado de arteiro, briga de irmão, coração partido,
dúvidas de adulto.

Casaram quando viram nossas primeiras letras, casam quando vêem seus
frutos dando folhas e criando raízes.

Casaram quando andamos de avião, quando íamos para colônia e corríamos
atrás de sonhos.

Vocês casaram quando mergulharam no desconhecido e quando me fazem
conhecer o mundo que construíram.

Vocês são a minha prova de que o mundo vale a pena e sempre é possível
dar mais amor, ser mais amor.

domingo, 27 de setembro de 2009

No deck.


Longe.
Fui me maquiar de Sol.
A cama foi de um gramado verde.
O cobertor foi um montão de estrelas,
Aprendi a contar com uma gente boa.
Sai catando caquinhos e enchi sacos de coisas que não deveriam estar ali.
Mas, estavam. Não está mais.
Depois nos abraçamos e ficamos de falar pra semana, o que resolvemos pra vida toda.
Encontrei um paraíso grande e está dentro de mim.
Vou ficar distante, mas deixe-me saber quando posso voltar.
Sempre fico mesmo pensando em vocês.
E, no amor grande que vocês me dão nessas noites cheias e bebidas de risada, nesses dias cheios de filosofia. O bem e o belo se fazendo presente a cada tarde, a cada descobrir junto. Em sonho.
Risando, de um povo que pode ser sempre um pouco mais de verdade.

* imagem: Jordan Ferney | Oh Happy Day!: Emerson Made. de:ffffound.com

domingo, 13 de setembro de 2009

Por enquanto

"Quem ama mente. Mas, que mente não ama."*
E, eu já não sei mais falar de amor.
Sinto saudades das flores que encheram, outrora, meu peito de vontade.
Ando meio amarelo.
Meia amarela, casaco na bolsa e corre-corre.
Não queria ouvir aquela nossa música.
Tenho vivido bem sem muito daquelas coisas na cabeça,
Encho o coração de dia-a-dia.
A realidade tem feito presença em mim. Todo dia ela vem aqui.
Vem e me lembra do que eu não sei mais lembrar.
Alguma coisa teima em me tentar.
É alguma emoção sem memória, uma certeza de um futuro sem presente.
E no presente eu já não sei mais.
A gente quer querer, mas cansou de querer mais e não quer.
Aconteceu o que eu pedi pra vida.
Pra onde você vai quando chega lá eu ainda não sei.
Outro dia fechei bem os olhos e mandei flores pra sua janela.
Sempre vejo lá no fundo o que foi bom.
"Sorri e saiba o que eu sei..."

* Na caixa de sonhos de José : http://vitimasdotedio.blogspot.com/2009/07/consideracao.html

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Pensando com eles.

Não tenho mais letras,
Nem inspiração.
Versos já não me dizem muito...
E, não raro, as poesias me enjoam no meio.

Não tenho sentido muito...
Tenho pensado demais.

No trabalho escrevo sobre vidas de pessoas que eu não conheço... e sei tanto.
Sei dos pais, mas não do que sentiram por eles.
Sei o nome do colégio, mas não qual a professora preferida, ou a matéria mais difícil.
Sei dos prêmios e condecorações, mas não o que eles sentiram, quem estava do lado e não podia faltar.
Tenho pensado muito sobre a vida e como ela se mede de verdade...
Um dos meus "objetos de pesquisa" me acordou...Não possuindo nada na rede sobre ele, procurei em uma das associações que integrou um contato...achei um amigo.
Descobri com esse sujeito, que o falecido fora um grande homem. O amigo falava com emoção, foi a primeira vez que uma dessas pessoas que já escrevo há um mês, deixou o lugar de verbete e tomou forma.
Pela voz do amigo descobri um pai de um grande artista plástico da atualidade e um embaixador,
descobri um poeta e uma acusação de nazismo.
Descobri a humanidade que parece teimar em abandonar as coisas com o tempo.
Sempre quis ser arqueóloga, pra descobrir os segredos do tempo.
A moda me levou pra outro lado...A produção pra outro...
Mas, diz sabiamente o ditado "o que é do homem o bicho não come."
Estou eu lá.
Sinto-me um pouco Indiana Jones...Aguardando as múmias!

Estou começando um novo blog. Pensando sobre a variedade de coisas que estudo, senti a necessidade de escrever as minhas considerações em algum lugar pra que elas não se percam.

Pensando com eles pra pensar com vocês.

www.pensandocomeles.blogspot.com

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

entreversos

Algo entrelinhas me diz sobre as letras que não cabem.
Acordei e fui pintar...
Escolhi insetos como cor dos meus pés,
Pintei minha cabeça de árvores,
Escolhi borboletas como cor das mãos.
O peito enchi de canto de cigarras,
Para os dedos ficou a cor dos movimentos.
O vento colori de versos,
Pra ver se ele sopra poesia nos ouvidos cor de amor.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Declaração de amor esperado ao meu trabalho.

Eu vou te amar no final,
Quando tudo o mais for azedo,
Eu ainda assim vou te amar,
Mesmo quando só restarem dúvidas,
Eu te amo, assim mesmo no presente.
Te amo e minha bolsa pesa no metrô lotado.
Te amo meio desmedido,
meio sem tempero e muito sem presença,
Amo toda vez que sigo meu caminho sem olhar pra trás.
Te amo quando vejo que acabou,
E amo mais um pouquinho quando ainda não terminou.
São maneiras do amor existir e resiste, a gente reinventa.
Amo quando dá tudo errado, não por escolha, mas porque acontece.
Algo de eternidade ronda isso, esse.
Amo colorido e amo outro.
Amo quantos for preciso pra ter certeza do que já era certo.
Amo depois de ter visto que amava diferente,
Amo porque tem coisa que ainda depois...fica na gente.
Amo condicionalmente quando é com você.
Os desenhos da gente, as pesquisas de mim.
Políticas.
Estou amando você.


*Nada como reciprocidade...rsrs

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Antagônico.




Com todos os reversos,
Faço dos meus versos,
Meio,
Fim,
Começo.
Você guarda-me da chuva,
Guarda eu também.
Viu o que tem a mais em mim.
Lembra palavras ditas outrora.
Lembra do ritmo.
E lembra-me o que pensei que não tinha mais em mim.
Delicado e devagar,
Dá-me a mão e os dedos que eu não conhecia,
Que me conhecem.
Peço que saia, e você entende pra ligar.
Respondo antes da chamada,
Peço que venha.
Você diz que vamos.
Eu quis saber quando,
Você me diz como.
Comigo.

Imagem-Rebecca Miller.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

O que não é porque não foi.

"Às vezes o nunca mais não é exagero, é certeza. Não tem palavra. Não tem alívio pro vazio, principalmente pro vazio deixado por quem aliviava o caos do mundo. Quanto sentimento por um bichinho genioso."

-Bruna Demaison- confiram:www.seumartin.blogspot.com



Não pensei na impessoalidade,
Aconteceu.
Cinco minutos,
Diminutos,
De minutos eu guardo os bonitos.
Foram horas e acontecem lá, lá.

A voz é a mesma,
Incrível de se acreditar.
Ainda tens voz, mesmo que ela não tenha dito o que era preciso.
Sem ouvir o resto, não sobrou nada.
Desliguei você,
Quem ia não liga.
Quem ia não foi.

O que poderia ser contado?
O que se conta?
Quem você era deixou um vão ainda sem medição.
O mestre de obras tem prazo pra entregar o peito intacto.
Já preparei a massa e comprei a tinta.
Amanhã...Peito tapado!
Rosto lavado,
Cabelo limpo,
E, jogo-me inteira na cor que escolhi.
A obra foi grande.
Tenho me sentido inteira sem esse pedaço.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Era uma vez... Duas ou Três...


A madrugada sempre me traz isso.

Não sei se é esse frio, ou ruas escuras.

Pensei ter te visto em uma esquina e me dei conta que não sei quanto tempo faz.

O menino parado do mesmo jeito que você costumava, na tua esquina.

Pensei no automático não ser você, ele parecia mais alto...

Mas, não sei se você cresceu nesse tempo que eu não sei quanto, pensei de ele ser mais magro, mas não sei do seu tamanho.

Pensei de ele não ser tão legal, mas esqueci porque pensava isso de quem você era. Deu saudade do que eu não sei mais. Deu saudade do que passou.

Lembrei do primeiro presente de dia das crianças que ganhei. Aqui em casa não era costume dar presente de dia das crianças, porém em um ano estava APAIXONADA pelo baldinho de praia da Xuxa. Pedi, implorei, me queixei com meus avós, tios, amiguinhos de parquinho etc.

Enfim, para todos, que naquele ano eu merecia, queria o tal baldinho rosa da Xuxa. Meus pais tocados com tamanha mobilização (enchi o saco mermu!), resolveram então me dar o baldinho da Xuxa.

Estava na casa da vó Nice, eu devia ter 6,7 anos, não mais que 8. E, fui surpreendida com o presente inesperado,rompendo com a tradição familiar eu ganhara um presente de dia das crianças!

Para minha decepção o baldinho de praia era da Xuxa, mas não era rosa, era roxo!!! Pode parecer bobo, mas para quem quer muito, presente trocado dói.

Fiquei arrasada, meu primeiro presente veio errado.

Papai Noel, Coelhinho, fada dos dentes! Ajudai-me!

Fiquei arrasada, mas como meus pais não eram dados a dar presente de dia das crianças tratei de estampar o sorriso e ir brincar com o baldinho no banheiro da vovó, ele era o banheiro mais lindo e preto que eu já havia visto, coisa de casa de vó.

Acendi a luz do espelho e pousei o balde de cor errada na pia, de repente, não sei como, não sei por que a pá que vinha no balde escorrega da minha mão e cai direto, em cheio no vaso sanitário.

Fiquei desesperada, como poderia ter sido tão descuidada! Era roxo, mas era da Xuxa!!!!

Meu avô, sensato, me impediu que enfiasse minhas mãozinhas no vaso para pegar, porque num acesso de pânico eu ainda puxei a descarga, entupindo o vaso e prendendo minha pá lá.

Tive que ir embora com meu baldinho de cor errada e sem a pá.

Acho que foi minha primeira grande perda... A pá.

Minha vó prometeu que pegaria a pá de volta daquele vaso sem-vergonha. E, nunca duvide da palavra de uma avó.

Fui para casa contando com o retorno de Jedi... opa! Da pá!

Os dias passando... Nenhuma notícia sobre o resgate.

No final de semana seguinte, voltei na casa da vovó. E ela me contou que o moço tirou a pá, mas que ela ficou com nojo e jogou fora. Ela cumpriu e pegou a pá... só não devolveu.

Sei que depois disso o baldinho perdeu uma parte dele e de mim.

Tem coisas que vão e não voltam, a pá nunca voltou.

Um descuido qualquer e escorrega a pá, uma chance. Perde-se e escoa pelo vaso, pela vida um pedaço importante, um carinho enorme, um presente mais que desejado.

Não lembro se brinquei com aquele baldinho... Lembro que em um acordo silencioso, daqueles que se faz com um único olhar, meus pais nunca mais me deram presente de dia das crianças e eu nunca mais pedi. Não deu certo com a gente.

Bom, essa madrugada me trouxe esse desencontro e a pá. De gente que é pá furada, mas que me lembra uma falta que eu não sabia. Gente que não me enche de areia mais, mas, me deixa espaço.

Nosso acordo silencioso é da gente ser feliz, cada um com seu baldinho ora de cor certa, ora cheio de roxos. Vivo me despedindo de pás. Em paz.

Quando eu lembro das madrugadas sinto-me como quando a vovó me disse que a pá tinha ido e que ela tinha nojo da pá. Também senti nojo de quem eu deixo velado aqui, das pás.

As pás vão, os baldes ficam.

Não é porque ela jogou a pá fora que ela esqueceu de que serve uma pá.

Dá pra encher ainda muitos baldes de areia, vontade e futuro com minhas próprias mãos.

E, sempre haverão natais, páscoas, aniversários.

Sempre haverão surpresas e cor.

Meus baldes de dentro são enormes.

domingo, 9 de agosto de 2009

Como meu pai (com batata>)

Sobre meu pai eu poderia dizer facilmente que é a pessoa mais difícil que eu conheço, não é fácil ter que me ver homem de meia idade, ranzinza e teimoso.
Não é fácil ter que brigar um pouco com ele e tanto comigo mesma sempre e de novo.
É um programa de tv, é política, futebol, lugar na mesa e no coração. Gaveta aberta, luz acesa, roupa amassada -"pára de ser relaxada, menina!".
Meu pai é o que me aproxima de mim e sabe que desperta o melhor e o que tem de feio aqui dentro e lá fora.
Meu pai é a pessoa mais dura e mais coração mole que eu tenho. Talvez quem tenha tentado me preparar para os não's e buracos da vida, mesmo que ele seja sempre o primeiro a dizer sim.
Sim, eu tenho meu pai. Acho que sei disso desde uns quatro anos... "faz charminho que o papai dá". E assim eu virava o pescoço de lado e tinha o mundo, chocolates, bonecas e meu pai ao meu dispor.
Sou a filhinha dele, que estranhamente escolheu a cerveja na hora que deveria ter escolhido água com gás. Sei que isso pode ser assustador pra quem não come nem bombom com licor, mesmo assim, às vezes, ele deixa escapar um mini-riso achando graça da diferença que cresceu na mesma medida que fui crescendo.
Na hora que escolhi a tal moda no lugar do direito... Mesmo com os olhos anuviados, ele engoliu. Ao final dos quatro anos eu vi meu pai...Descabelado, descadeirado, me ajudando a arrumar as folhas da monografia, negociando preço na estamparia.
O mesmo pai que tinha me dito "bobagem moda, você não é rica", era o pai que não escondia o riso orgulhoso ao ler cada linha de um texto que ele não entende bem até hoje, era o mesmo pai que em fila de banco contava a qualquer um que pudesse ouvir da filha designer de moda "ela que escreveu o discursO da turma, quer ler>"-E foi assim que li o mesmo discurso algumas muitas vezes pra família, pra vizinhos, sempre sob o olhar atento e brilhoso como os seus cabelos de índio.
Acho que é isso, os filhos no início são historinhas infantis fáceis de se ler.Tá chorando> Deve ser cólica, ou fome.
Depois viramos contos curtos e um pouco mais emaranhados, os pais lêem e passam a ficar suscetíveis ao erro.
Quando viramos livros de mais de 500 páginas em algum dialeto perdido turco as coisas começam a complicar...
Hoje, acho que eu e meu pai caminhamos para um best-seller.
Ele ainda ri dos meus dramas, mas segura minha mão quando estou com cólicas.
Aliás, meu pai sabe como fazer meu ovo frito molinho e sem pelinha, sabe exatamente o absorvente que eu uso e sabe quando eu preciso que ele brigue comigo pra poder brigar por mim.
Quando levei a maior rasteira dos últimos tempos, ele me deu praticidade e emprestou a piada pra rir do que eu chorava tanto.
Descobri que meu pai não é super, e que ele também se machuca, ele cai e pode (incrivelmente) sangrar.
Não acredito que meu pai possa morrer, ele é dessas pessoas que vão estar sempre por aí. Sempre prontas pra próxima gracinha, briga ou implicância gratuita.
Meu pai é de longe referencial de gente boa, e ouço desde que me entendo que eu "sou todinha meu pai". Geniosos e malandros e de coração grande... Não sei isso é bom, mas é o que somos.
Ele tem defeitos, muitos... Mas, não penso em outro pai pra mim.
Tenho orgulho da pessoa que ele é e me ensina todo dia um pouco a ser.
Ainda bem que ele não vai ler isso aqui...porque sei exatamente o que ouviria:
"Escreveu textinho pro papai, dá um abraço vai!!! Dá um abraço!"
Depois, diria algo do tipo "Diodoro", é D-E-O-D-O-R-O, PAI! DEODORO!- só pra me irritar!

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Réplica_Meu pé de laranja lima.

Minha amiga viu uma foto minha abraçada com o baobá.
Muito cri-cri que é veio prontamente comentar comigo, ou seja: fazer piada!
Segue a conversa:
(em itálico são os meus comentários.)
Annanda diz:
.Cara foi lindo! Tem um conto africano que diz que o baobá se achava muito feio. E ficou pelo mundo procurando o criador. Achou-o na África e pediu para mudar. Quando deus a colocou de cabeça para baixo, tanto que a copa da árvore parece suas raízes.
Nota-se aí minha sensibilidade diante dos pequenos prazeres da vida.
karol diz:
.zzzzzz...
.Não consigo fingir interesse neste assunto.
.Eu não gosto de plantas!
.Ah! De flores eu gosto.
.Amo tulipas e lírios bem embrulhados com laço de fita, serve?
Já neste ponto fica claro o sarcasmo e falta de lirismo da minha amiga.
Annanda diz:
.Não!
.E assim ela se tornou sagrada pelos africanos, por que tem o poder de elevar o que está na terra para o céu e traz o que é do céu para terra!
Ok! Nessa hora pareço meio hippie demais...
karol diz:
.E nessa hora os africanos descobriram que as folhas do baobá são alucinógenas e inventarem tudo isso!
Admito... Essa foi muito boa! Insensível... Mas, boa!
Annanda diz:
.hahahaa
.Mas ela pode viver até seis mil anos! E armazenar 120 mil litros de água!
Sim! Eu sou nerd. Mas é realmente interessante, né?
karol diz:
.Coitada!Imagina a agonia de viver seis mil anos!
.Se pelo menos armazenasse vodka, passaria mais rápido!
Demonstração da falta dos órgãos... Nessa faltou coração!
Annanda diz:
.Vc precisa de mais contato com a natureza.
Precisa mesmo! Nada como abraçar um Baobá!
karol diz:
.Mas eu tenho um Maltês!
SEM COMENTÁRIOS!

Sétimo dia.


Quanto tempo faz?

Não queria dizer isso, mas hoje sei qual foi o dia que vi seus olhos mais tristes.

E de repente ficou claro que eu que os fiz assim. Não sei se cabe perdão, porque você foi cruel também, é.

Achei que machucando você minha dor pararia, ficaria boa, e estancasse.

Mas não, ainda doeu um tempo depois de eu te sussurrar o meu gozo.

Não me arrepende a tua ferida.

Abriria teu peito de novo, faria mais uma vez seu coração em pedaços.

Gritaria bem baixinho que você foi apenas e tão somente apenas.

Falaria pra você me deixar, porque você me deixou,

Na chuva, no ponto de ônibus e aqui...

Me deixou esperando e com esperança que viria.

Me deixou esperando mesmo sabendo que você nunca ia.

Te mataria em domingos de manhã, a beira do mar,

Te mataria às quartas,

Mataria enquanto escovo os dentes.

E mataria em praça pública.

Eu não sabia, mas viveria te matando incessantemente,

Viveria querendo que você morresse,

Pra então chorar essa morte, me arrepender, querer de novo, deixar que morresse,

E, começar tudo de novo.


*imagem Eduardo Recife.