quinta-feira, 28 de julho de 2011

Bolívia

O fuso é só de uma hora... A maioria é brasileiro e isso não parece justificar essa mexida toda.
Tá tarde, tá cedo demais.
A Bolívia parece pra mim um retorno a um lugar que nunca fui.
Os cheiros, gostos e sotaque. A gente que parece um pouco comigo.
Nosotros, latino americanos.
Sinto uma unidade nova. Faço parte e me sinto tão igual.
Essa igualdade que me faz sentir todas as minhas diferenças.
Virei um tipo híbrido?
Acabei de ler a minha importância na vida de alguém.
E, ele que me perdoe: eu fui enorme, né?
É triste quando se poupa e sinto muito por você, cara.
Acontece.
Às vezes é só isso: Acontece. Aconteceu, né.
Como dizem nossos hermanos: que pasa? no pasa nada. paso.
El paso que vamos.
Acontece de eu achar as respostas e torcer pra encontrar de novo quem nasceu espontâneo, nasceu do meu passo em direção a sorrisos limpos, verdades doces, flores reais, assim, bem matinal.
Talvez eu já soubesse.


sábado, 16 de julho de 2011

Latas de salsicha.

Quando eu cismei de ir pra Lisboa mais dura que côco, Marina me acompanhou na loucura.
Tínhamos X de dinheiro, precisávamos de X+2.
O que fazer?
Podíamos ficar em casa, comer bem e ponto... Ou, poderíamos sair, andar pela cidade, andar pelos vinhos, comprar aquele vestido perfeito que a H&M insiste em vender sem pena do meu orçamento etc.
No entanto, escolhendo a segunda opção entramos também em uma dieta: nada de carne.
A carne por aquelas bandas é item de boutique e não se adequava em nada aos nossos bolsos.
Depois quando as festas aumentavam e o dinheiro diminuía eu e Marina inventamos uma brincadeira: Tínhamos que gastar 10 euros e comprar tudo que iríamos comer em uma semana.
Quem achasse os itens mais baratos ganhava pontos.
Eu no início ficava meio deprimida, como assim não podia comprar bacalhau?
Eu nem sei preparar, mas ficava triste por pensar que não poderia ter tudo que eu poderia querer, e nem queria. Olha que doideira!
O dia mais feliz para Marina foi quando ela encontrou uma lata de salsicha por 38 centimos.
Ela quase gritando "Annanda, vamos comer salsicha!!! Vamos levar duas latas!!!"
Eu fiquei chocada. Mas, Marina me ensinou muito mais do que ela poderia imaginar.
Ela só estava feliz,
Mas, ali, no meio do continente do Colombo, ela me ensinou que temos sim que ficar feliz com o que temos, com o que podemos ter.
A caça as salsichas deveria ser o objetivo diário de todos.
Sempre temos muitos pontos de vista. Eu estava ali triste porque não poderia ter tudo, enquanto Marina me mostrou o quanto deveria ser feliz, pelo simples fato de que teríamos salsicha para o jantar.
Não é deixar de querer mais, é querer mais porque sabemos que temos o melhor pra hoje e devemos querer sempre o melhor pra amanhã também.
Começamos a rir. Compramos duas latas. Elas entraram de vez pra nossa dieta e pra sempre pra minha visão da vida. Quero caçar latas de salsicha em promoção!
Sempre temos duas possibilidades: Porque não escolher a de rir disso tudo?

E, você, já achou sua lata de salsichas hoje?