quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Prega Peça.

Posso te contar?
Eu até posso te contar.
Sobre onde pisar.
Sobre como o sol incidiu.

Sobre aquela varanda.
De baixo da nossa pressa.
De não querer mais estar.
Posso te contar.

Sobre não querer mais ser.
Sobre quem descobre quem é.
Quando acha que deixou ser.
De ser quando é.

O balanço é leve.
Numa tentativa de respirar o que rodeia.
O que nunca foi.
O que sempre vai.

Volta pra me contar sobre o que escrevo.
E, se puder, me explicar que se sente...
Posso contar?

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Ao Henrique e ao João.

Eu gosto mesmo é de te ver sorrindo.
No meio do que você gosta.
Botas, cadeiras, máquinas e aquela música.
Ela te segue também?

Eu gosto de ver você comendo com fome.
Torcendo com vontade.
Crescendo enquanto brinca.
Pintando com as pontas dos dedos.

Eu gosto mesmo de te ver dando os primeiros passos.
Quase cai, quase levanta, segue sorrindo.
Daqui a pouco serão os primeiros amassos.
E, virão também, as primeiras dúvidas do resto da sua vida.

Gosto mesmo de te ver.
Assim sem mais, nem poréns, nem porquês.
Gosto de te ver.
Desde a primeira vez que soube que você poderia existir.

Minhas pedrinhas, meus pedrinhos preciosos que podem ser o que sempre foram, antes mesmo de nascer...

Gosto mesmo é de vocês.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Soneto da menina cíclica

Tantos amores a menina guarda
Dentro de si e, fora de si, consulta
Que, além de amor, maturidade tarda
E a quem quer bem, em vez de amar, insulta.

Quer o mundo, a menina! E o mundo ausculta
Seu coração de mãe, sua espingarda
Que quanto mais atira, mais resulta
Num relicário de paixão bastarda.

Ama quem perde e por que perde ignora
Ama quem deixa e porque deixa chora
Deixa perder-se porque perde e quer.

Quer quem não tem e por não ter se escora
Sempre em quem teve e por ter tido adora
Ter novamente sem lhe ser mulher…


( Felipe Moura Brasil (Pim) )

www.tribuneiros.com.br

fica a dica!!!

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Com Dois N's.

Ela é única.

Única no nome.

Única na maneira como ri de suas dores.

Única na maneira como em meio a tanta descrença, continua a acreditar...

Em um mundo melhor, num chocolate que não engorde, num pai que saque tudo de terninhos.

Ela é única do jeito intenso que sente, que vive, que cala, que escreve.

Ela poderia ser um personagem de Almodóvar, mas é única demais até para isso.

Ela é única quando sai de casa, quando anda perdida, quando muda de caminho, e de calça.

Ela é única quando espirra sem parar, quando acorda devagar, desce as escadas e em 5 minutos...volta para cama!

Ela é única quando passa o dia de biquíni, sem medo do sol.

Quando passa o dia na rua sem medo do suor.

Ela é única sem medo.

Ela é única quando um pesadelo impede que saia de baixo do edredom, e ela pega o celular para ligar para a mãe, que está no quarto ao lado.

Ela é única quando chora, mesmo sendo isso raro, são momentos em que se vê verdade.

Ela é única na capacidade de se doar.

Ela é única quando briga, reclama e acorda de mau humor.

Ela é única quando ri, entre família, entre amigos, entre desconhecidos em fila de banco.

Ela é única quando entra.

Ela única quando vai às melhores festas, aos mais fedorentos botecos, a igreja de seu pai.

Ela é única quando sente saudades, e é única quando chove.

Ela é única quando acredita de verdade em algo, em alguém.

Ela é única quando é amiga.

Ela é única quando ama.

Ela é única quando não suporta.

Única na forma como reúne todos, mas ainda assim vive se procurando.

Se achando.

Se perdendo.

Ela é única quando brinca de ser comum,

Se escondendo por aí...

Tropece nela,

Leve ela para sua vida,

E, se precisar de mais de cinco minutos...os tome...

Para ter certeza, que não te minto.

Somos única.