sexta-feira, 30 de abril de 2010

Balaio.


"Se é isso que me tem ao certo
A moça de sorriso aberto
Ingênua de vestido assusta
Afasta-me do ego imposto
Ouvinte claro, brilho no rosto"

-Gugu Peixoto / Luis Kiari-


Eu podia virar o rosto e esquecer.
Sabe... eu sei esquecer muito bem.
Anos de prática, honey.

Te perdôo por te trair

-Chico Buarque-


Eu posso ainda querer a raiva...
Caminho rápido e quiçá indolor.

Difícil é passar pro next level guardando as coisas bonitas.
Difícil é passar pro next level e entender que o level é a gente que faz e que o game ainda não over.
Que o game start sempre começando.
E play brincar disso... Tem que ter um coração. Tem que ter dois.
Tem que ter.

Demora mais que dois dias, mais que dois minutos... Tem coisa que não tem nome.

Mas, a vida é mágica. O tempo também.
Há duas semanas rezei pra essas duas semanas passarem voando.
Em um surto pedi que passasse como um piscar de olhos.
As semanas me ouviram, passaram ora em câmera lenta. Ora ainda passam.
Ora piscaram, e eu... eu não sei.
Eu pisquei tanto meus olhos.
Pisquei sob olhos que dilataram.
Que me fizeram dilatar.
Pisquei.
Pisco e passa. E fica. E não e muito.
Tem coisas que além de não ter nome nessa língua... Duram anos em segundos.
Já ouviu o coração de alguém bater com o seu?
Já teve unhas em baixo das suas unhas?

Mas, sabe... Minha capacidade de resiliência é incrível.

You lose.[?]

Nós ganhamos.

Deu pau no sistema.
reconfigurar?
Eu ajeito as coisas, sim.
Há jeito nas coisas.

"Só entro no jogo porque
Estou mesmo depois (...)

E se você fecha o olho
A menina ainda dança"

-Novos Baianos-

domingo, 25 de abril de 2010

Esquerdo.

Eu me jogo de olhos fechados.
E canto depois do tombo.
Nunca tive medo da vida.
E vivia de joelho ralado.
Mudo de casa sem saber se tem goteira.
Do chão nunca passei.
Detesto quem pensa me entender e decide por mim.
Não acho isso bonito ou romântico.
Mas é assim.
Eu decido mesmo quando não.
Me apaixono por idéias e só sei viver com o coração disparado.
Meio termo passa longe.
Eu gosto do que vejo no espelho.
Eu e elas aprendemos a nos amar.
Concordamos que só nos matamos depois do segundo dia de ressaca.
E depois de dois dias tudo se acalma.
Vivo em tormentas...
Ora de algodão doce, ora de versos sem nenhum sentido.
Todos sentidos profundamente mesmo que eu esteja rasa.
Eu gosto de me ver chorar, mas mais ainda de me ver rir.
Ando distraída.
E tenho limite.
Não deixo que me machuquem a não ser que eu acredite.
Nem sempre vale... Mas, às vezes sim.
Eu sou mais simples do que deixo saber.
Não gosto de lugar comum, senso comum, gente comum.
Pego clichês e adapto. Qual a estória da semana?
Se você, seja lá quem, tá comigo. Tá bem.
Eu cuido, planto... Esqueço de regar mas compro chocolate e deixo bilhetinho.
As coisas a gente não escolhe, elas são como são.
E é escolha também.
Mas a gente sempre muda. Sempre árvore.
E fala.
Procuro beleza até quando me ferem no escuro.
A vida é boa comigo e me beija todo dia de manhã.
Eu não entendo.
Mas consigo ver.
Aqui só me trato de mim.
Eu não me iludo. Eu sonho e aconteço.

sábado, 24 de abril de 2010

Seleção!


Que é de sonho que a vida é feita!

Eu fui criada com meus três meninos.
Meu menino irmão e meus dois primos.
Guilherme, Túlio, Ramon e eu descobrimos muitas coisas juntos.
O quintal da vó, os doces da D. Ana, o coelhinho que fugiu.
Os primeiros porres, amores, caixotes, festas.
Descobrimos como soltar pipa, se esconder na pracinha na hora de ir embora.
Brincar de pescaria na beliche com cabeceira em forma de leme. Víamos ondas gigantes dignas de mar em fúria!

Nossa infância foi de longe a mais bonita. Nossos laços são. Dignos de fábulas e filmes. Somos sucesso de bilheteria!

Eles sabem tudo sobre mim, sem que eu precise sequer falar.
Mas, eu falo pra burro!
E eles? Sempre me ouvem!

O Túlio sempre calmo. Jogador de vôlei. Quando tinha 15 anos ele e nós todos fomos atropelados.
Ele por uma roda de caminhão, nós pela tristeza de ver nosso menino em uma cama, com pinos e sem saber.
E quem ia dançar a valsa comigo? Quem ia pontuar em todas as partidas de vôlei pelo mundo?

Túlio nunca chorou! Ele consolava a gente.
A páscoa daquele ano foi no hospital e sem gosto de chocolate.
O médico contava que a mão dele estava boa pra ir pro lixo.
Mas, não estava não!

Túlio carrega uma mão saudável, uma perna comprida.
Cheios de pontos, pespontos e cicatrizes do que deveras fora um puta atropelamento de coisas e planos.

Os anos passaram. Ele já conseguia pular, sacar, rir sempre.

Ele fez uma ótima temporada na super liga esse ano. Vi meu primo no G1, cara!

Domingo passado no metrô ele pediu meu celular emprestado.

Interurbano Túlio?

"Seu primo é o mais novo convocado da seleção brasileira!"

hahahahahahahahahah

Sabe o que mais descobrimos juntos?

Que sonhos acontecem!
E que é capaz ficar feliz por alguém como por si próprio.

E que amor é chorar e rir ao mesmo tempo.
É felicidade.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

bonitinho.



Eu to dançando tango no meio do dia,

Cantando alto música cheia de poeira,

Tô implicando.

To cheia de gerúndios,

E... Quer saber?

Eu não to ligando... Vou tá retornando nenhuma ligação.

Daqui a pouco vou sair, mas, queria falar com você antes.

O que?

Não sei... Inventar uma briguinha, fingir que sou ciumenta, pedir pra você vir correndo.

Acho que você aprendeu (cedo demais) direitinho que eu sou meio tonta.

Estou.

A vida lá fora toca em todos os números, bate à porta e me leva, me leve.

A vida aqui dentro tá bem. Tá boa.

Tô com medinho da gente. Do que a gente vai inventar.

[Preciso de estatísticas.]

Medo do que eu nunca soube, e vou ter que me ensinar contigo, rapá.

Eu sou claustrofóbica.

E não sei usar vírgulas.

E tudo que nos é comum me mostra que to livre.

E que eu poderia conjugar algum verbo bonito...

E se eu perguntar é só charminho.

É que eu já sei.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Galáxia.

E eu quero te levar em um montão de lugar.
Talvez eu precise de uma representação física pro que divido com você.
Meus medos e as praias,
O samba e beijos.
E S's.
Divido a surpresa que é isso com acessos de loucura e carinho.
Divido meu colo e tudo que você já sabe e eu não sei.
E a gente não sabe se sabendo.
O excesso de presente. Minha sarna pra coçar.
Não quero mais escrever sobre isso, porque poesia se mistura com o que é de verdade.
E se você rima comigo no nosso mundinho...
Pode trazer o doce de leite que eu faço o miojo.
E a gente vê no que se dá.



"O que eu sinto eu não ajo.
O que ajo não penso.
O que penso não sinto.
Do que sei sou ignorante.
Do que sinto não ignoro.
Não me entendo
E ajo
Como se entendesse"

-Clarice Lispector-

Agora eu acho.

E, sinto.