terça-feira, 31 de março de 2009

tentando toda prosa.

Bom, eu sempre escrevo de maneira passional, fiz disso aqui depósito das coisas desconexas da cabeça, do peito e de alguma coisa entre eles que fala, grita, pulsa um tanto e há tanto.
Entretanto, meus amigos, leitores de mim, companheiros do blog e ouvintes infalíveis e presentes e sempre a postos, me dizem pra explicar o que tanta palavra sem sentido que deposito aqui significa, da onde e de que elas nasceram.
Nem sempre elas são minhas originalmente, às vezes, ouço um desabafo e vejo os poetas que têm ao meu lado, sem saber eles rimam no desespero, constroem um soneto de novos amores e velhas despedidas, fazem seus dramas falados se transformarem em coisa concreta pra mim, e, quase que conseqüentemente, coisa concreta aqui.
Eu não teria tanta palavra e poder em mim, se não fosse por ouvi-los e, em silêncio, no meu barulho, senti-los em mim, para aí, mais uma vez, escrever aqui, tentar rascunhar o que penso dessas novelas reais.
O que sinto deles em mim, por eles em mim se vira no que eu sou também, quando distraída não pretendia nada a não ser saber mais um pouquinho de vida.
Mas as coisas mais difíceis de passar a limpo mesmo são as minhas.
Ainda mais quando tem verdade, aí de verdade a coisa acontece. Minha censura de mim, e de tanta coisa que nasce todos os dias num peito que aperta pra caber tanto, minha censura, me faz buscar o caminho do subjetivo, do vago e eu vago no abstrato, pra tentar não contar de mim, não falar pra vocês (seja vocês quem achar que é, ou eu mesma), o que acontece, o que procede, o absurdo de todo dia que procedeu pra preceder.
A verdade é que tenho sentido necessidade de um ponto final no capítulo que escrevi até aqui e aqui, acreditava que tinha muitas coisas na cabeça... Descobri que não são muitas, são é infinito e nesse não-espaço coube tudo e tudo que ainda não veio por aqui ou não veio pôr aqui coerência. Porque apesar de toda e qualquer verdade que eu pensar, costumeiramente, colocar pra fora, às vezes é o silêncio disso que me deixa surda, e cambaleante de razão.
Então, a livre interpretação continua sendo meu combustível da gente.
Cheguei à conclusão de que não se precisa de uma. Mas às vezes pode, e é querer que faz.
E, só pra não ficar didático demais e falar de verdade e explicadinho o que acontece: hoje minha avó me ligou falando que ontem deu um nó na garganta e ela pensou em mim, preocupada. Ontem, foi a segunda e última prova de direção que faço, não passei (porque sou meio barbeira e muito nervosa e o DETRAN não é de Deus!) e fiquei chorosa.Bom, aos meus conselheiros me pergunto e me respondo: isso ficaria melhor em verso?

Se o que eu sinto ela sente, de repente tem um pouco da gente.
De onde a gente veio, de onde a gente veio dava pra andar descalço,
Eu não perdia um passo com ela do meu lado.
Minha vó, sempre soube do meu riso bobo, do meu choro calado.
Perco a direção, não caibo na vaga, mas ainda sou minha motorista com ela de carona.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Nada não é nunca quando se é.

Olha e vê.
Meus olhos cansaram de verter em água o que passou por aqui.
Coisas que são letras nos papéis, às vezes escorrem nas maçãs(as do rosto, quem sabe as da feira),sem aviso prévio.
Talvez se gritasse toda e cada palavra na frente dessa gente cor de pastel, meu soluço disso passaria há tanto.
Só vou dizer de tanta cor!
Vá saber que falava sério e, quanto tudo foi de quem percebeu... Depois que? Já tinha ido.
Olha e entenda tudo que não vou dizer dessa vez.
Tendi a você mais do que à pitangueira.
Cai de bumbum no chão, levantei sozinha e rindo.
A vida é mesmo bonita sabe?
Quando você se transforma no que é.
Quão grande foi sem ser e, contanto, aviso.
Com tantos avisos.
E, sendo foi demais. E, cedo dói demais. E, ceda! Dê mais!
(Não deu,né? Não tem desculpar, tem ser feliz)
Conto a cada um desses azulejos,
A cada grão de poeira viva,
A cada cadeira que ainda pulsa,
A história que não existia o outro.
Vai e me lembra.
Vai e não leva.
Porque eu não olho pra trás.
E não me desculpo por mim. Eu tive toda culpa. Guardei-a num bolso,
perdi.

quarta-feira, 18 de março de 2009

No trem de casa.

"-A meu juízo, os homens nada conhecem do poder do Amor;se disso se dessem conta teriam construído os mais magníficos templos e altares ao Amor(...).De fato, dos Deuses ele é o mais amigo dos homens, já que é aliado da Humanidade e médico daqueles males cuja cura talvez seja a máxima felicidade da espécie humana."
Aristófanes- O banquete.

Não ligo e volto,
Desenho.
Respiro e no escuro tateio.
Me alimento do que faz bem.
Frio nas pernas,
Algumas paradas.
Parte do caminho,
Meio da estrada.
Faço tempo!
Quanto tempo!
Engenhos e são novos.
São novos meninos a gente.
Brinca de bola.
Guarda o cordão do tempo.
Mesmo peito do coração, mesmo daquela garota.
Apitos, sirenes, uma pedrada no vidro blindado.
Ninguém nota.
E, ninguém nota.
Pingo na janela anuncia: O Sol há de vir!
Entra e me sorri.
A cama é tua pra dormir.
Casinhas verdes, cheiro de mato, pé sujo de lama e amor, sapo no jardim, esperança na bolsa, gente boa, pipa colorida, música com gaita e sanfona, comida na lenha e no prato, um beijo bom.
Cheguei na minha terra de dentro!
Sentia presença de mim.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Subjetivo absurdo.

As minhas palavras me escondem.Peço desculpas à alguma coisa.Minhas palavras não são minhas , elas vão surgindo sem sentido, quando eu sinto.
Larguei a mão da coerência, e se elas pulsam e jorram é porque não aprendi a estancar isso de mim.
Quando o que vivo reflete em alguma coisa lá dentro do que sou...Escrevo pra entender.
Talvez seja uma tentativa infantil de concretizar o que não existe e me perturba, por ser enorme.
Minhas palavras quando dentro da cabeça são como elefante furta-cor no meio de uma sala.Elas incomodam, brilham, fazem muito barulho.
Nada é feito, nada se posso fazer...A não ser colocá-las pra fora!
E, vai acontecendo assim.Até o momento em que o caminho passa a ser o contrário, muda a mão!
E o que começo a escrever quando o que já existiu esgota, passa a ser uma encenação de vida, a minha simulação do real.
Sou a minha autora.
Me escrevo quando canso de ser.

domingo, 8 de março de 2009

Meias Palavras Inteiras.

Porque você estava lá é que foi difícil pra me fingir. Que não ligo. Que não sofro.
E, até que não... Amo.
Porque você esteve aqui e me disse sem dizer que sem mim não pode ser.Que fujo, invento, minto pra mim e pra quem quiser.
Porque você liga assim que vira a esquina dizendo a coisa mais doce que você poderia.
Porque eu queria poder te colar no meu peito, arrumar um jeito de te caber em mim.
Porque você está onde não devia aparecer, no meu reflexo, na hora furtiva, quando vejo TV.
Porque você é o beijo que não soube roubar em todas as nossas tardes desperdiçadas com algum pretexto pra se ver e ter a certeza de que não há ninguém igual, nem com o mesmo contorno.
Porque você ainda dói devagarzinho, me culpa sem falar que sempre foi amor que você me deu, amor que quis me dar.
Porque você me briga por eu ser quem você sempre quis em mim, na hora errada, com o discurso certo, depois de tanto tropeço que não nos engana mais.
Porque eu falo baixinho na minha cabeça todas as razões que me levaram de você, as razões sou eu e você, e isso não é nó que se desfaça.
Eu faço o possível imaginando um jeito, uma cadência pra que nossas vírgulas se transformem em manhãs e sóis.
E, sois, tudo que em mim reluz, tudo que me enche de ar, tudo que me faz rir e me traz você antes de você ter acontecido.
É que eu te amei antes.
Naquela noite boba, a certeza da menina era de mulher.
Hoje, a certeza não é mais tão certa assim.
Porque você é quem eu quis e em você eu me tive.
Você eu não quero.
Você eu amo.
Você, eu e tanto amor.
Desisto...espero.
Desisto... Desespero.
Des- espero, é parar de esperar.

terça-feira, 3 de março de 2009

Cem dias, sem meus dias.

A falta pega a gente no meio do dia.
Na cadeira vazia do almoço.
Na piada que perdeu a risada no meio.
O dia estava lindo.
E, lembrei de tudo que ainda acontece aqui.
O que é humano em mim... sufoco.
Não deixo chegar. E, sou pai de mim, de você, deles.
Mas, quando vejo essas rugas branquinhas, é que aqueles roxos ,ora sem flores, doem em mim.
São as fraturas que não deixo.
Que me expõe.
Que não deviam.
Eu não sabia que era assim, pra sofrer sê forte, mais não quer quando deve ser.
Procurava em brigas, que não eram minhas, motivos pra gritar minhas lágrimas.
Encontrava alento em banca de bar, em banco de praça, em rua, em protesto...pouco em mim.
Tanto em mim.
Fui saber de surpresa do que destino nenhum me disse.
Olhando só e todo pra ela.
É simples.é complicado.
E, a dor me complica.
Me explica?
Falo quando não caibo.
Desabafo e digo sem querer falar,
Sigo e sou mais forte,
Quando não imagino que,
Consigo levantar.