sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Esbarrão VII e o tempo ser relativo.

O desejo é o que torna o irreal possível.

Nando Reis

“Pra que mais que isso?!”- tinha certeza- era a primeira vez.

Poderia ir embora ali, onde nasceu e acabou qualquer chance de promessas, juras e compromisso. Eles eram fantásticos, incríveis e reluziam de tanto docinho, se conheciam demais, profundo e absurdo. Se conheciam de sonhos. No susto o bichinho do mato, ao deixar o asfalto quis abrir mão da princesa pós-moderna que resgatou do alto da torre da superficialidade e efemeridade, do castelo que vivia mais por ter sido ensinada a viver do que por ser assim. Mas, isso ela só descobriu depois de andar do lado dele.

Passado o temporal, a bonança se fez no acordo absurdo proposto pela menina: “Uma vez Por estação. Querer sem promessas, sem amanhã depois de hoje, e todo dia um pouco pra não cansar.”

Ele, sem argumentos, aceitou...Não sabia onde isso o levaria, se o traria de volta de onde nem sabe se foi. Não sabe se passaram dez anos e se ela é essa menina que, de branco, vem ao seu encontro. Não pode imaginar o que se deu, se pôde dar, se fechou o olho e resolveu abrir o peito. Nu. Se deixou ela se aninhar no seu peito, se acostumou o queixo no cantinho do pescoço dela e esqueceu da vida que jurava ser-antes- a dele.

Quantas vidas tem n'uma vida? E em duas?

“Foram vinte anos?! É nosso guri se formando? Então, quem é aquela minha mulher que vejo no Rio?! É o cristo redentor? Guanabara, menina faceira, Que saudades d’ocê! Eu nunca casaria-ele pensou- a não ser que fosse com ela. Eu entrei naquele ônibus?! Eu voltei? Ela não atravessou o oceano?! Quem somos?! É você, eu, ele e ela?!”

É você?

Um comentário:

Karol Gonçalves disse...

"Eles eram fantásticos, incríveis e reluziam de tanto docinho, se conheciam demais, profundo e absurdo. Se conheciam de sonhos."

"reluziam de tanto docinho" Como é fofa!
Amei a expressão!