segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Esbarrão IV ou não veio.

O início do fim, se é que fim existe pra amor, aconteceu quando ela foi buscá-lo na rodoviária. Estranhamente, todas as escadas estavam ao contrário,o que subia, descia, e o que sempre descia tinha resolvido subir. Era o mundo rolante avisando que estava tudo ao de cabeça para baixo e que ele não viria e não veio.
Ela esperou e tentou aprender a rezar, clamou pelos Santos do Aterro do Flamengo, areia, pelos Santos protetores do côco gelado... Seus maiores confidentes e testemunhas de como amou aquele menino que fez muito mais seu e homem um dia, aquele menino que fez seu velho, clamou por fim ao Santo dos amores que se querem só por serem.
Como nunca haviam trocado telefones, endereço- ou esqueceu se trocaram- ficou sem saber e imaginou: “Vai ver ele perdeu o ônibus, ficou doente, me esqueceu...”
Mesmo que isso nunca tenha acontecido em todos esses anos, nenhum dia, acreditou no que não podia, esperou com o corpo todo e alma e tudo que tinha.
Parecia ser a única coisa que lhe restava a fazer, a coisa certa.
E, ele continuou sem vir, a tristeza da senhora era igual a da menina e os soluços em seqüência não eram suficientes pra estancar toda a dor que sufocava no peito:
“O que será que aconteceu?! Será que a mulher dele descobriu?!”.
Nunca soube ao certo se ele casou, mas jura -ou suas lembranças a traem- que viu uma vez a marca de Sol no dedo anelar, sinalizando uma aliança, um casamento, três ou quatro filhos, uma hipoteca, uma noite de núpcias, ou três? Ou mil?


Os esbarrões começaram aqui e continuaram aqui e aqui .
E, continuam...