quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Esbarrão I

Quem conhece sabe: passou de uma página já começa a me enjoar... Eis que surgiu um concurso de crônicas, que eu cismei ser de contos... E parei diante dessa telinha linda e só sai quando saiu.
O resultado foi um texto de seis páginas (!!!).
Quem conseguir e não achar chato (rs) acompanhe a série de esbarrões.
Eu?! Espero um encontrão pra mim e pra vocês!

Esbarraram-se online, enquanto a menina tentava se manter acordada pra escrever o artigo da iniciação científica da segunda graduação, o garoto matava o tempo, antes que a ansiedade do resultado do primeiro vestibular o matasse. Literatura brasileira?! Sim! Sob o céu estrelado do bate-papo, com o pseudônimo “Dorian”, o garoto bonito chamou a atenção da menina da lapa metida a intelectual e, antes que ela pensasse em alguma coisa inteligente e engraçadinha o suficiente pra dizer, ele disse alguma coisa. E disseram... Como disseram! Durante meses disseram tudo o quanto há pra ser dito.

Planos e presentes virtuais, em um piscar de olhos (monitores?!) eles se tornaram mais táteis do que qualquer outra pessoa. Ela que contou pra ele que foi aprovado no exame da faculdade, ele que contou como ela era incrível e que cada vez que encerrava um ciclo do seu dia, parava pra pensar nela, neles.

Um dia, ficaram urgentes, e, terminado o namoro com a garotinha do interior, tomou o ônibus só com amor nos bolsos. Ela tomou coragem e anunciou em casa que pela primeira vez alguém viria pra dormir, pra ficar. Tomou também cerveja e sambou até a chegada do presentinho que a vida resolveu lhe entregar pra espantar tanto sossego.

Tão menino, e ela se achando- meio perdida- mulher, viveram em dias o que muitos não vivem em vidas inteiras. Já tentou ouvir o coração de alguém com o seu? Encostadinho? Eles aprenderam. Acabado o sonho, era hora d’ele voltar pra cidadezinha esquecida no interior das Gerais, tinha irmãos e uma casa pra cuidar, tinha a vida pra resolver, bocas a beijar, porres a tomar e tanta coisa a fazer que nada mais poderia ser feito, as impossibilidades deixavam duros os olhos verdes mais verdes e mais tão lindos.

No chuveiro, choraram juntos enquanto riam,e é de se espantar descobrir n’um súbito que felicidade também transborda, tiveram que aprender, e foi bom anotar pra não esquecer mais. Enquanto corriam pro embarque e eminente despedida, na hora certa, um desenho e os dedinhos cruzados: “O que quer que seja”. E foi. Ele tentou entrar em baixo das unhas daquela menina que, distorcida, lhe parecia gigante. Acabou entrando pelos fundos, em todos os pensamentos dela e até onde não tinha por que, lá estava, marcando presença no avesso do avesso a fazer bagunça.

(Sim, continua.)

2 comentários:

luizaprado disse...

"Planos e presentes virtuais, em um piscar de olhos (monitores?!) eles se tornaram mais táteis do que qualquer outra pessoa."


Isso é sério! rs
É muito dificil, mas até que é bom

Maria Midlej disse...

HAHA Isso ficou muito bom, gostoso de ler.
Eu realmente gostei e quero continuar lendo.. rs :)