domingo, 29 de agosto de 2010

Domingo.

Domingo, quando meus avós vem almoçar aqui em casa, gosto de fingir que tô dormindo no meu quarto...
Só pra ouvir a bagunça que eles fazem quando eu não estou por perto.
Acho que vou sentir saudades do barulho de panela, da torneira aberta e da voz deles que sobe pela escada e vai parar na minha cama.
Tem cheiro de preguiça e feijão refogado e abraço de pijama.
Tem gosto de amor.

sábado, 28 de agosto de 2010

Checklist.

- Comprar pasta de dentes, absorvente, anti alérgico, analgésico, shampoo, engov;
- Imprimir fotos da família e amigos;
- Ir ao dentista;
- Fazer os 20 verbetes que restam do CFC;
- Achar mais documentos pra escrever o artigo;
- Ver meus avós;
- Comprar os remédios e as havaianas do Seiji;
- Arrumar a mala;
- Comprar uma calça jeans;
- Cortar o cabelo;
- Fazer as unhas;
- Comer feijoada;
- Tomar uma cerveja na Babi;
- Tomar uma cerveja no arco-íris;
- Tomar Sol na praia;
- Comprar lembrancinhas do Brasil;
- Comprar uma blusa do Brasil;
- Comprar feijão;
- Fazer "quentinho-quentinho" com meus pais e Gui;
- Tentar roubar o celular desbloqueado do Guito;
- Avisar ao Pedro que vou levar o casaco dele;
- Lavar os casacos da Eloá;
- Ligar pra Karol na noite anterior tendo uma crise de pânico;
- Ouvir os conselhos certinhos da Renata;
- Comer os pasteizinhos da mãe da Fran;
- Guardar na mala a bolsinha de melancia que Monique e Camila me deram;
- Cantar e dar ma choradinha com a Magra ouvindo "e agoooora uma enorme paixão me devora...";
- Falar com as meninas;
- Separar os livros de políticas e ver quais vou levar para o artigo;
- Imprimir a passagem;
- Ir a igreja;
- Acabar de ler "Leite Derramado" e devolver pra Clarissa;
- Conhecer a casa das amigas que casaram;
- Anotar o endereço de onde vou morar;
- Pegar minha necessaire na Thais;
-Tentar entender que eu vou mesmo.



domingo, 22 de agosto de 2010

Esbarrão VIII e o que não acaba aqui.


Ela sabe que quando vinha o outono, ele caia em folhas.

E, com a primavera vinha ela e seu perfume, para eles então, florirem.

No verão, ele trazia o suor e alguma cerveja, para juntos guardarem na geladeira, ela era a companhia.

No inverno, ele, como geada, esfriava qualquer lembrança ruim, ela congelava a saudade e juntos faziam nevar no peito de amantes cristais de alguma coisa-que se não era- era muito próxima de amor.

De resto, não sabiam de mais nada.

Não sei...

Mas, coisas realmente bonitas acontecem quando a gente não sabe.

Depois que a gente não sabe.


sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Esbarrão VII e o tempo ser relativo.

O desejo é o que torna o irreal possível.

Nando Reis

“Pra que mais que isso?!”- tinha certeza- era a primeira vez.

Poderia ir embora ali, onde nasceu e acabou qualquer chance de promessas, juras e compromisso. Eles eram fantásticos, incríveis e reluziam de tanto docinho, se conheciam demais, profundo e absurdo. Se conheciam de sonhos. No susto o bichinho do mato, ao deixar o asfalto quis abrir mão da princesa pós-moderna que resgatou do alto da torre da superficialidade e efemeridade, do castelo que vivia mais por ter sido ensinada a viver do que por ser assim. Mas, isso ela só descobriu depois de andar do lado dele.

Passado o temporal, a bonança se fez no acordo absurdo proposto pela menina: “Uma vez Por estação. Querer sem promessas, sem amanhã depois de hoje, e todo dia um pouco pra não cansar.”

Ele, sem argumentos, aceitou...Não sabia onde isso o levaria, se o traria de volta de onde nem sabe se foi. Não sabe se passaram dez anos e se ela é essa menina que, de branco, vem ao seu encontro. Não pode imaginar o que se deu, se pôde dar, se fechou o olho e resolveu abrir o peito. Nu. Se deixou ela se aninhar no seu peito, se acostumou o queixo no cantinho do pescoço dela e esqueceu da vida que jurava ser-antes- a dele.

Quantas vidas tem n'uma vida? E em duas?

“Foram vinte anos?! É nosso guri se formando? Então, quem é aquela minha mulher que vejo no Rio?! É o cristo redentor? Guanabara, menina faceira, Que saudades d’ocê! Eu nunca casaria-ele pensou- a não ser que fosse com ela. Eu entrei naquele ônibus?! Eu voltei? Ela não atravessou o oceano?! Quem somos?! É você, eu, ele e ela?!”

É você?

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Esbarrão VI e Ele.

Uma história longa sobre um menino só e triste que achou, uma vez, durante uma noite de tempestade, alguém que cuidasse dele.
Caio F.


Quem sou eu?!- Se perguntam.


Ele, antes de tomar o ônibus, tomou uma pinga. Procurava coragem e a encontrou engarrafada na esquina de casa... Estava em uma bifurcação e nem na estrada tinha entrado ainda. “Voltar pra ela, chegar pra ela, ou chegar em mim?! O que essa mulher quer de mim que já não tenha dado?! Será que dessa vez ela termina tudo? Parte pra outra? Resolve ser solteira cantando o hit da cidade, parada em qualquer praia? Que será de mim?!”- e entornava a coragem líquida goela abaixo.


Não sabia quem era aquela mulher que fez uma puta bagunça na sua vidinha perfeita, sabia que ela não tinha medo e já havia sofrido um tanto, sabia que ela era tinhosa, a danada. Que poderia, sem esforço amá-lo sem limites, pudores e futuro e brincar de eternidade. E, que ela com medo de se entregar a quem não a merecesse, vestiu-se em armadura, de tomara-que-caia estampado e curto fazia dos corações de menino seu parque de diversões favorito, seu passatempo de domingo que, logo, virava cansaço de segunda-feira, mas sabia que ele continuava na quarta.


Diziam, nas noites quentes e estreladas do campo, os amigos, que aquela menina seria seu fim. Diriam, se ele contasse sobre ela a alguém, era seu segredo, quase sagrado. Contava pra si mesmo, até cansar, até não acreditar mais que a carioquinha abusada existe, existiu e persiste escondidinha em todos os seus pensamentos absurdos de planos pra depois de amanhã.


E, num súbito o velho tomou um ônibus, sem saber pra onde, nem porque, nem se pra ver ela, se pra se ver, se pra ser feliz pra sempre, ou só provar pra ela que nem em cinqüenta anos ele a amaria mais que nos primeiros segundos que a viu antes que ela pousasse seus olhos sobre o dele, que mesmo depois de cinqüenta anos ela é aquilo que ele amou, mesmo que fugidio, verdadeiro. Ela o abraçou, achou que tremia, mas, não. Disse estar nervosa, e fingiu que seu único objetivo não era a boca, desviou.
“Pra que mais que isso?!”- tinha certeza- era a primeira vez.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Esbarrão V e Ela.

Decidiu parar, isso não a levaria a lugar algum, e ela nem precisava ir a lugar algum, ela estava onde sempre esteve, onde havia de estar, esperando seu menino-velho voltar, ou chegar, como na primeira vez. Na primeira vez que seus olhos pousaram sobre ele, ela já tinha certeza que aquilo ia demorar, que no início podia ser até pouquinho, mas que a primeira vista, era dele que ela queria mais.

Ela nem conseguia lembrar se teve uma vida que não ao lado dele, e deve ser porque não teve mesmo. Que não de Inverno, Outono, Primavera e Verão. Ele, Ele, Ele, Ele. Não sabe mais se tiveram filhos, se foram felizes para sempre. “É desse pra sempre que todos falam?!”- pensava... E, pensava.

A velha já não lembra bem se em um dos finais de semana que ficavam juntos, ele resolveu jogar tudo pro alto e ficou dormindo no colo de moça, e tiveram uma vida longa e enrugaram juntos ou se eles haviam se separado na segunda semana, se não agüentaram tanta poesia em corpo, em dia a dia. Não sabe mais se viveram juntos além dos sábados e domingos que, durante décadas, inventaram um compromisso qualquer para os outros, que justificasse a ausência e para que, enfim, pudessem se trancar em um quarto.

Não sabe se ele enganava a mulher capial pra vir ter na cidade grande, ou se na sua casa só morava ele e a saudade dela, e fotos que eles não tiraram espalhadas pelo sofá e coladas nas paredes, ela nem sabe se era com ele que acordava toda segunda. Ele existiu?!- se pergunta. Ela chega a duvidar se passaram cinqüenta anos ou se ele acabou de partir,ou ainda, se tem meses que ele foi embora e, em alguns dias ela vai atravessar um oceano pra estudar artes e esquecer um pequeno enorme amor, que faceiro lhe faz pensar em ficar um pouco mais.

Quem sou eu?!- Se perguntam.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Esbarrão IV ou não veio.

O início do fim, se é que fim existe pra amor, aconteceu quando ela foi buscá-lo na rodoviária. Estranhamente, todas as escadas estavam ao contrário,o que subia, descia, e o que sempre descia tinha resolvido subir. Era o mundo rolante avisando que estava tudo ao de cabeça para baixo e que ele não viria e não veio.
Ela esperou e tentou aprender a rezar, clamou pelos Santos do Aterro do Flamengo, areia, pelos Santos protetores do côco gelado... Seus maiores confidentes e testemunhas de como amou aquele menino que fez muito mais seu e homem um dia, aquele menino que fez seu velho, clamou por fim ao Santo dos amores que se querem só por serem.
Como nunca haviam trocado telefones, endereço- ou esqueceu se trocaram- ficou sem saber e imaginou: “Vai ver ele perdeu o ônibus, ficou doente, me esqueceu...”
Mesmo que isso nunca tenha acontecido em todos esses anos, nenhum dia, acreditou no que não podia, esperou com o corpo todo e alma e tudo que tinha.
Parecia ser a única coisa que lhe restava a fazer, a coisa certa.
E, ele continuou sem vir, a tristeza da senhora era igual a da menina e os soluços em seqüência não eram suficientes pra estancar toda a dor que sufocava no peito:
“O que será que aconteceu?! Será que a mulher dele descobriu?!”.
Nunca soube ao certo se ele casou, mas jura -ou suas lembranças a traem- que viu uma vez a marca de Sol no dedo anelar, sinalizando uma aliança, um casamento, três ou quatro filhos, uma hipoteca, uma noite de núpcias, ou três? Ou mil?


Os esbarrões começaram aqui e continuaram aqui e aqui .
E, continuam...

sábado, 14 de agosto de 2010

Esbarrão III e a solução.

Seguiram de passo e peito apertado e decidiram que se não podiam oferecer mais: promessas, juras, compromisso, futuro. Poderiam tentar, quem não tem o que perder, dizem, tenta ganhar. Não havia qualquer razão tácita para não o fazerem. Se encontrariam uma vez a cada três meses, a cada mudança de estação e, enquanto houvesse pelo que brigar, amariam. Simples, embriagados e em 140 caracteres. Passariam dois dias ao sabor deles e a natureza se encarregava de avisar quando era a hora de novo de se ter, sem contar um para o outro o que se deu só no que se davam. Na cidade maravilha, que era a mãe- e pai e filha- da história sem linha deles, então, com a bênção da Guanabara, seguiu uma série, um mega longa metragem que poderia ser, de verdade, a vida.

Por não quererem prender-se - Ele a achava livre e linda demais pra ser dele, apesar da pose de durona-, e sabendo que aquela menina era dona do mundo, ele não sugeria ficar mais, afinal, quem tem um mundo não precisa de outro. Já, a dona do mundo, pensava que não era a hora, que ele era lindo voando, ela não queria encerrá-lo na gaiola, não queria alianças, queria asas. Por que não se queriam presos, eram um do outro, livres.

Então, como passarinhos, em temporadas voavam, ele em busca dela, ela sempre esperando na hora certa, que ao passo da vida, passou a ser pra cada um o encontro de si mesmo, o encontro. Eles não falavam sobre passado, nem futuro, nem contas, nem ciúmes. Conversavam sobre o sabor dos ventos, métrica de versos, livros que ainda não leram, sobre tanta bobeira e de como os cachorros parecem com os donos, algodão doce, sobre a cicatriz na bochecha dele, sobre as manchinhas nas costas dela, e a topada que ele deu ao descer do ônibus, eles só existiam ali. Em cinqüenta anos, foram duzentos encontros, eles contabilizaram algo em torno de quatrocentos dias, mas se encerravam em dois dias, foram cinqüenta anos em dois dias.

(Sim, tem mais.)

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Esbarrão II e partida.

E, sem que pudessem prever ou impedir o tempo passou, amigo ou contumaz...
Era de se esperar, mas eles não esperavam ser assim... Tão tempo.
Deveria existir carteira de habilitação pra amar e se acostumar com as brincadeirinhas do tempo, alguma coisa que sinalizasse: Esses podem amar! E, só assim poderia se começar uma história, um amor. Dessa maneira ninguém iria se perder, nem se culpar, só iriam se embolar o necessário pra esquentar quando é noite e faz frio.

Ela tinha certeza que não se entregaria, mesmo com tanta cor e, por isso, se deixou levar. O garoto metido a homem, seguro de que era entregue, não entregou tudo que tinha. Se tudo já era dela, porque precisaria dar?! E, dava, sem anúncio, tudo que tinha do lado de dentro. E, dava falando que não daria, que ia embora, que ela era tudo e amanhecia.

Como a habilitação para amar faz falta! Calhou d’eles serem enrolados. E, de tão parecidos, quando acuados agiam como bichinhos e machucavam, mesmo quando só falavam de música, Sol, versinhos e carinho. Cafuné sabe?! Eles não... Destilaram algum veneno, fora de linha e rabiscos.

Mesmo assim, entre nenhuma outra tinha qualquer coisa igual, ela era a única que ele conheceu e nem tentava encontrá-la nas noites brancas do mato, na curva do rio que não havia de estar, ela era só ela e por isso tanto. Já a menina, ficou na Lapa, procurando em alguma esquina o que não sabia mais, teve o Rio inteiro que lembrava ele, pra esquecer. E, não esquece porque entre duzentas bocas, a dele era a única que continuava a querer e a procurar em erro em outros. Ele homem, enfim, partiu. Como partir quando parte também o próprio peito a cada passo em frente?!

Ele aprendeu tão novo e sozinho, ela aprendeu a ficar.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Esbarrão I

Quem conhece sabe: passou de uma página já começa a me enjoar... Eis que surgiu um concurso de crônicas, que eu cismei ser de contos... E parei diante dessa telinha linda e só sai quando saiu.
O resultado foi um texto de seis páginas (!!!).
Quem conseguir e não achar chato (rs) acompanhe a série de esbarrões.
Eu?! Espero um encontrão pra mim e pra vocês!

Esbarraram-se online, enquanto a menina tentava se manter acordada pra escrever o artigo da iniciação científica da segunda graduação, o garoto matava o tempo, antes que a ansiedade do resultado do primeiro vestibular o matasse. Literatura brasileira?! Sim! Sob o céu estrelado do bate-papo, com o pseudônimo “Dorian”, o garoto bonito chamou a atenção da menina da lapa metida a intelectual e, antes que ela pensasse em alguma coisa inteligente e engraçadinha o suficiente pra dizer, ele disse alguma coisa. E disseram... Como disseram! Durante meses disseram tudo o quanto há pra ser dito.

Planos e presentes virtuais, em um piscar de olhos (monitores?!) eles se tornaram mais táteis do que qualquer outra pessoa. Ela que contou pra ele que foi aprovado no exame da faculdade, ele que contou como ela era incrível e que cada vez que encerrava um ciclo do seu dia, parava pra pensar nela, neles.

Um dia, ficaram urgentes, e, terminado o namoro com a garotinha do interior, tomou o ônibus só com amor nos bolsos. Ela tomou coragem e anunciou em casa que pela primeira vez alguém viria pra dormir, pra ficar. Tomou também cerveja e sambou até a chegada do presentinho que a vida resolveu lhe entregar pra espantar tanto sossego.

Tão menino, e ela se achando- meio perdida- mulher, viveram em dias o que muitos não vivem em vidas inteiras. Já tentou ouvir o coração de alguém com o seu? Encostadinho? Eles aprenderam. Acabado o sonho, era hora d’ele voltar pra cidadezinha esquecida no interior das Gerais, tinha irmãos e uma casa pra cuidar, tinha a vida pra resolver, bocas a beijar, porres a tomar e tanta coisa a fazer que nada mais poderia ser feito, as impossibilidades deixavam duros os olhos verdes mais verdes e mais tão lindos.

No chuveiro, choraram juntos enquanto riam,e é de se espantar descobrir n’um súbito que felicidade também transborda, tiveram que aprender, e foi bom anotar pra não esquecer mais. Enquanto corriam pro embarque e eminente despedida, na hora certa, um desenho e os dedinhos cruzados: “O que quer que seja”. E foi. Ele tentou entrar em baixo das unhas daquela menina que, distorcida, lhe parecia gigante. Acabou entrando pelos fundos, em todos os pensamentos dela e até onde não tinha por que, lá estava, marcando presença no avesso do avesso a fazer bagunça.

(Sim, continua.)

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Das coisas que a gente gosta e de seguir adiante.

Hoje tirei pra arrumar gavetas,
E, veja só: te achei!
Achei fitinhas, bilhetinhos, babados, sianinha.
Disseram-me uma vez que tem coisa que é que nem mato...
Só cresce.
Vou torcer pra ser flor,
Pra ver se um dia,
De novo,
Floresce.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Móbile.

"Peço-te o prazer legítimo.
E o movimento preciso,
Tempo tempo tempo tempo,
Quando o tempo for propício,
Tempo tempo tempo tempo..."
(Caetano Veloso)



Há uns 5 anos, lembro bem da minha dinda me dando um dos melhores conselhos que alguém poderia: "O tempo vai passar independente do que você faça, então, faça bem."
Eu estava na crise da maioridade e não sabia muito bem o que fazer da vida.
Havia a possibilidade de fazer duas faculdades... Mas, seria muito despendioso... E, achava que não daria conta.
Minha dinda então soltou essa: "O tempo vai passar, você fazendo uma ou duas faculdades... Então, faça as duas!"
E, não é que ela tinha razão?!
O tempo passou.
Acordava 4h30 da manhã pra ir pro Rio, voltava pra Niterói no meio do dia.. aula até a noite. Chegava em casa: faxina, modelagem, leituras, seminários, figurino, projeto... Um monte de coisas que não sei como dei conta.
Enfim, minha vida se transformou no tal móbile no furacão.
Mas, passou, né?!
E, sou imensamente, profundamente grata a essas palavras simples da minha dindinha... Ela sabe das coisas.
Hoje, encerrei mais um ciclo. Apresentei o artigo na iniciação científica.
Há um ano, realmente pensei que não fosse conseguir... Afinal, era da Moda e pesquisa em políticas culturais, não é assim tão glamouroso.
Era leitura árida e aparentemente sem as cores que eu me habituara a ver todos os dias, no meu trabalho.
E, o mais difícil foi assinar um contrato falando que iria ficar UM ANO fazendo alguma coisa, foi de fato um dos maiores desafios da minha enorme vida.
Foi meu primeiro compromisso. Acho que em vinte anos posso considerar um casamento.
Bom, o tempo passou independente das políticas, do glamour.
Independente de mim e independente do próprio tempo.
Nem preciso falar que quase tive um filho colorido, ao discorrer para uma platéia de Doutores e Pós-Doutores da Fundação Federal reconhecida pelo seus méritos em pesquisa científica.
Se eu não morri hoje, do coração é que não morro mais.
Juro ter ouvido a banca falando sobre meu trabalho e que falaram algo como "fantástico".
Mas, como estava meio tonta não posso falar com toda a certeza. Mas, pelo que lembro foi assim.
Isso de algum jeito estranho me dá força.
Saber que o tempo vai passar independente.
E, que a gente cresce quando se distrai.
Ou quando tá tonta, dormente demais de tanto sentir.
É, pra mim, nessas horas que a vida te assalta ligeira, te pega de jeito e te ensina a dançar.
Te dá de presente um mundo, um suco de maracujá, a Torre Eiffel. Sabe como?!