quinta-feira, 30 de abril de 2009

Sem mim.

Cato caquinhos,
Penso detalhes,
Olho pelo vidro,
Sem limite na estrada.

Penso no que não é.
No que quis e foi...
Foi de mim.

No estalo da sobriedade,
Me vi acorrentada em mim.
Nas minhas verdades,
Na marca de batom,
No que foi amor,
por ser assim.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Há flores.

"Aqueles que têm o desejo ardente
De se igualar à beleza das flores,
Possuem corações
Que a elas se assemelham."

-Meishu Sama-


Assisti, no canal futura, hoje uma entrevista que me disse muita coisa e divido aqui...
Ao ser perguntado sobre o que pensava sobre razão e loucura o professor francês,que infelizmente não sei o nome, disse que esses são os extremos e que o que há entre eles é a paixão.Que ela torna o mundo "vivível". E, que razão sem paixão é loucura.
Completou, dizendo que seus dois princípios éticos na vida consistiam em acreditar na capacidade poética do indivíduo, que todos tem essa quantidade de poesia dentro de si, de enxergar o mundo de maneira lúdica, que ele nomeia "homo ludens", e a maior tristeza é alguém que não faz uso da sua poesia.
O seu segundo princípio, seria combater a crueldade no mundo.
Bom, isso me disse tanto...
Algumas discussões se perdem e se acham a partir dessa fala, mas a meu ver a raiz de tudo se trata disso.
Espero conseguir continuar a ver essa poesia diária e a fazer minha vida assim, de verdade, poesia, flores e luz.
Mesmo que haja tanta coisa que insista em provar que isso é utopia.
Vovó como sempre inspiradíssima me disse no fim de semana pra eu ser sempre feliz, eu respondi ser muito difícil se manter feliz 24hs, sempre, ela do alto da sua capacidade poética( como de costume), me respondeu que é difícil, mas não é impossível.
E, não deve ser mesmo...minha vó disse.
Ainda vejo, ainda quero ver.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Dear Friends,

Hoje acaba poesia,
Choveu todas as letras.
A traição não tem som.
Entala na garganta,
e, qualquer berro meu...
Não será mais pra vocês.
Como gastar o que é precioso,
Vocês se lançaram sem olhar.
Tudo em mim fecha, e não chora mais,
nem ri, nem quer.
Queria conseguir machucar o que me dói.
O que foi cruel só por diversão.
Ri e some daqui.
Vira o rosto,
Finge mais.
A platéia do teatro barato espera!
Sedenta de vocês...
Não comprei ingresso.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Quem conta um conto...

Eu vim correndo,
O porteiro não me conhece mais,
Não sabia que tinha tanto tempo que não vinha aqui.
Subi e reformaram o elevador...
Penso se foi só isso que mudou.
Teve um dia que entendi o que era conhecer uma alma e foi por aqui...
Por aqui.
Entrei e todos me trataram com muita cerimônia, não to acostumada... Afinal, me sentia em casa ali. Aqui. Lá.
Me disseram que você tinha ido buscar sua filhinha na escola...vi as fotos dela..
Ela tem seus olhos, e a vontade de mundo deles.
Porque os seus se apagaram, eu não sei.
Nunca soube por que você não tinha vindo comigo, ver o que a gente falou junto.
A vida é mesmo feita de escolhas, às vezes é irônico, muitas vezes é irônico.
Ainda mais vendo que quem me fez querer ir embora, nunca saiu do mesmo quarteirão.
Se a gente quase não se viu nesses últimos minutos, nesses últimos séculos, é que eu tenho medo de entender... E, não saber o que falar.
No dia em que sua lembrança me chama, eu penso enquanto temos no quanto deixamos de ter.
O que você levou de mim deve morar em algum cantinho desse apartamento, mas não vejo nada nessa mobília que combine com aquele amor.
Está tudo tão diferente...
Não pude esperar você chegar, minha família me precisa.
Mas a verdade é que não foi por nenhum filho, nem homem que fui embora dali. Fui embora, porque percebi que já tinha ido embora dali muitas vezes, toda vez que me encontro nesta sala, neste dia, eu vou embora dali.
Eu nunca esperei você chegar com a sua menina, eu nunca fui ali pra te ver...Eu fui ali pra ir embora.
E todas às vezes, nessa vez eu vou embora...
Penso se é como em filmes, se você estava virando a esquina quando eu saia pela porta, se você estava subindo por uma escada e eu descendo pelo tal novo elevador.
Penso tanto, se eu te visse na terceira dimensão depois de tanta coisa entre a gente da gente...
Penso se eu colocaria a lancheira dela no chão, a sua pasta no canto, o seu abraço em mim.
Apertado.
Não sei se eu voltaria.
Fui embora de novo daí.
http://www.youtube.com/watch?v=MUWBLl22nC8

sábado, 11 de abril de 2009

Carta pra quando eu escrever.

Avisa a ela que o sentimento certo agora seria alívio...
Por você estar pensando assim.
Deixa ela saber que você vai, mas um dia volta.
Conta pra ela que a vida é mesmo assim,
Os filhos são do mundo, mas eles são mesmo é deles.
Avisa que de nada adianta chorar, apertar o coração.
A menina resolveu nadar nela, e está encontrando rios.
Rios que de uma margem não se vê a outra.
Erros são sempre bonitos.
Eu não tenho te visto há algum tempo, sabia?
Sinto falta das verdades e certezas também.
Mas me dei conta que elas não existem, o vento leva disso.
Você não pode mais fazer por mim, nunca pôde.
Me deixa que eu sei que não sei de nada.
Me deixa que a tomada é minha, o dedo é meu.
ai que enterder-me!
Um pouco de amor faria isso dar mais certo.
E, dar é mais certo, mesmo sem receber.
Toda despedida de quem a gente foi é assim.
E, só dessa vez não me chame pelo que não há.
Pelo que ouve ontem.
Já briguei e não quero mais.
Eu quero é mesmo mais.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

eu confesso! eu, com fé, sou.

Mandei você embora, porque eu queira ficar.
Copiei de mim mesma essa mania de desamar.
Desamo, assim que, distraída, sorrio de tosse boba, de história antiga, de piada ruim.
E, me digo traída de mim, porque tenho desamado de tanta gente.
Se me beija, vou ao banheiro,
Se me liga, durmo o dia inteiro,
Não vi tocar, não me deixo tocar,
Se me conta da casinha em cima do morro, da infância e do sonho, me digo confusa, troco de blusa, passo pro próximo.
Guardo um monte de rascunho deles,
Colo na parede e desenho estórias das gentes,
Das gentes que poderia ser e não escolhi,
Não escolhi sem saber sabendo,
Sem querer, querendo!
Uso de superlativos pra esconder o vazio dos dias que se seguiram depois de tanto e de tantos.
Manipulo as palavras, provando pra alguma coisa que eu sinto mais.
Não sinto mais. Que eu sinto demais.
E, cada vez que um se cansa, meu peito se lança a procura de um novo desamor.
O meu novo teste, ama mais a falta,
Procura, menino peralta!
Me conta do dia, me busca sozinho, me mostra o caminho,
Cuida bem de mim.
Já desamei ele. Agora gosto um pouquinho.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

"hoje pra quem quiser"

A frase dita despretensiosamente pelo professor na sala de aula...me disse.
Me disse que tem hoje pra todo mundo.
Tem hoje até pra quem não quer ver o tempo.
Tem hoje, pra quem não quer levantar da cama,
Pra quem envelheceu dez anos na última semana,
Tem hoje pra quem está cansado, pra quem passou a noite acordado,
Pra quem sobe a escada mais longa, da noite mais longa,
Tem hoje até pra quem não está mais aqui,
Que vaga por aí...
Tem hoje pra quem aprendeu a ser sozinho,
Tem hoje pra quem aprende o que é ter um corpo do lado,
Tem hoje, pra quem quis ontem, e tem hoje pra quem quis um amanhã,
Ou dois...Tem hoje.
Tem hoje até pra quem não quis nada, querer nada é querer alguma coisa,
Então, tem hoje também.
Tem hoje mesmo se afogado de tanto pensamento de nada,
Tem hoje mesmo engasgado,
Tem hoje pro que não devia ter sido feito,
Tem hoje pro que foi direito,
Tem hoje pra quem quiser.
E, se não quiser também...
Tem hoje.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Chovendo na minha horta.

Vi outro jeito de ver.
A chuva não passou ainda hoje.
De manhã não consegui sair.
Não preciso mais me molhar.
Não quero mais barra de calça cheia de lama no meio-dia.
Já sei como faz pra manter seco e quente.
Olho da janela,
Aumento a música nos meus ouvidos mais próximos.
Se chove lá fora, aqui dentro chega aos pouquinhos a bonança.
Já há um espaço dentro do maior músculo
Está bem e nunca quis mais,
Que no próximo instante olhar a chuva e ficar,
Quetinho, quentinha, esperando passar,
Pra olhar que flores nasceram ali na varandinha da frente.
Às vezes demora pra tanta água mostrar a que veio...
O ar está úmido,
O olho seco,
A cabeça inundada,
E o coração limpo.
A alma?
Florida!