segunda-feira, 31 de agosto de 2009
entreversos
Acordei e fui pintar...
Escolhi insetos como cor dos meus pés,
Pintei minha cabeça de árvores,
Escolhi borboletas como cor das mãos.
O peito enchi de canto de cigarras,
Para os dedos ficou a cor dos movimentos.
O vento colori de versos,
Pra ver se ele sopra poesia nos ouvidos cor de amor.
terça-feira, 25 de agosto de 2009
Declaração de amor esperado ao meu trabalho.
Quando tudo o mais for azedo,
Eu ainda assim vou te amar,
Mesmo quando só restarem dúvidas,
Eu te amo, assim mesmo no presente.
Te amo e minha bolsa pesa no metrô lotado.
Te amo meio desmedido,
meio sem tempero e muito sem presença,
Amo toda vez que sigo meu caminho sem olhar pra trás.
Te amo quando vejo que acabou,
E amo mais um pouquinho quando ainda não terminou.
São maneiras do amor existir e resiste, a gente reinventa.
Amo quando dá tudo errado, não por escolha, mas porque acontece.
Algo de eternidade ronda isso, esse.
Amo colorido e amo outro.
Amo quantos for preciso pra ter certeza do que já era certo.
Amo depois de ter visto que amava diferente,
Amo porque tem coisa que ainda depois...fica na gente.
Amo condicionalmente quando é com você.
Os desenhos da gente, as pesquisas de mim.
Políticas.
Estou amando você.
*Nada como reciprocidade...rsrs
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
Antagônico.
Com todos os reversos,
Faço dos meus versos,
Meio,
Fim,
Começo.
Você guarda-me da chuva,
Guarda eu também.
Viu o que tem a mais em mim.
Lembra palavras ditas outrora.
Lembra do ritmo.
E lembra-me o que pensei que não tinha mais em mim.
Delicado e devagar,
Dá-me a mão e os dedos que eu não conhecia,
Que me conhecem.
Peço que saia, e você entende pra ligar.
Respondo antes da chamada,
Peço que venha.
Você diz que vamos.
Eu quis saber quando,
Você me diz como.
Comigo.
Imagem-Rebecca Miller.
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
O que não é porque não foi.
-Bruna Demaison- confiram:www.seumartin.blogspot.com
Não pensei na impessoalidade,
Aconteceu.
Cinco minutos,
Diminutos,
De minutos eu guardo os bonitos.
Foram horas e acontecem lá, lá.
A voz é a mesma,
Incrível de se acreditar.
Ainda tens voz, mesmo que ela não tenha dito o que era preciso.
Sem ouvir o resto, não sobrou nada.
Desliguei você,
Quem ia não liga.
Quem ia não foi.
O que poderia ser contado?
O que se conta?
Quem você era deixou um vão ainda sem medição.
O mestre de obras tem prazo pra entregar o peito intacto.
Já preparei a massa e comprei a tinta.
Amanhã...Peito tapado!
Rosto lavado,
Cabelo limpo,
E, jogo-me inteira na cor que escolhi.
A obra foi grande.
Tenho me sentido inteira sem esse pedaço.
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
Era uma vez... Duas ou Três...
A madrugada sempre me traz isso.
Não sei se é esse frio, ou ruas escuras.
Pensei ter te visto em uma esquina e me dei conta que não sei quanto tempo faz.
O menino parado do mesmo jeito que você costumava, na tua esquina.
Pensei no automático não ser você, ele parecia mais alto...
Mas, não sei se você cresceu nesse tempo que eu não sei quanto, pensei de ele ser mais magro, mas não sei do seu tamanho.
Pensei de ele não ser tão legal, mas esqueci porque pensava isso de quem você era. Deu saudade do que eu não sei mais. Deu saudade do que passou.
Lembrei do primeiro presente de dia das crianças que ganhei. Aqui em casa não era costume dar presente de dia das crianças, porém em um ano estava APAIXONADA pelo baldinho de praia da Xuxa. Pedi, implorei, me queixei com meus avós, tios, amiguinhos de parquinho etc.
Enfim, para todos, que naquele ano eu merecia, queria o tal baldinho rosa da Xuxa. Meus pais tocados com tamanha mobilização (enchi o saco mermu!), resolveram então me dar o baldinho da Xuxa.
Estava na casa da vó Nice, eu devia ter 6,7 anos, não mais que 8. E, fui surpreendida com o presente inesperado,rompendo com a tradição familiar eu ganhara um presente de dia das crianças!
Para minha decepção o baldinho de praia era da Xuxa, mas não era rosa, era roxo!!! Pode parecer bobo, mas para quem quer muito, presente trocado dói.
Fiquei arrasada, meu primeiro presente veio errado.
Papai Noel, Coelhinho, fada dos dentes! Ajudai-me!
Fiquei arrasada, mas como meus pais não eram dados a dar presente de dia das crianças tratei de estampar o sorriso e ir brincar com o baldinho no banheiro da vovó, ele era o banheiro mais lindo e preto que eu já havia visto, coisa de casa de vó.
Acendi a luz do espelho e pousei o balde de cor errada na pia, de repente, não sei como, não sei por que a pá que vinha no balde escorrega da minha mão e cai direto, em cheio no vaso sanitário.
Fiquei desesperada, como poderia ter sido tão descuidada! Era roxo, mas era da Xuxa!!!!
Meu avô, sensato, me impediu que enfiasse minhas mãozinhas no vaso para pegar, porque num acesso de pânico eu ainda puxei a descarga, entupindo o vaso e prendendo minha pá lá.
Tive que ir embora com meu baldinho de cor errada e sem a pá.
Acho que foi minha primeira grande perda... A pá.
Minha vó prometeu que pegaria a pá de volta daquele vaso sem-vergonha. E, nunca duvide da palavra de uma avó.
Fui para casa contando com o retorno de Jedi... opa! Da pá!
Os dias passando... Nenhuma notícia sobre o resgate.
No final de semana seguinte, voltei na casa da vovó. E ela me contou que o moço tirou a pá, mas que ela ficou com nojo e jogou fora. Ela cumpriu e pegou a pá... só não devolveu.
Sei que depois disso o baldinho perdeu uma parte dele e de mim.
Tem coisas que vão e não voltam, a pá nunca voltou.
Um descuido qualquer e escorrega a pá, uma chance. Perde-se e escoa pelo vaso, pela vida um pedaço importante, um carinho enorme, um presente mais que desejado.
Não lembro se brinquei com aquele baldinho... Lembro que em um acordo silencioso, daqueles que se faz com um único olhar, meus pais nunca mais me deram presente de dia das crianças e eu nunca mais pedi. Não deu certo com a gente.
Bom, essa madrugada me trouxe esse desencontro e a pá. De gente que é pá furada, mas que me lembra uma falta que eu não sabia. Gente que não me enche de areia mais, mas, me deixa espaço.
Nosso acordo silencioso é da gente ser feliz, cada um com seu baldinho ora de cor certa, ora cheio de roxos. Vivo me despedindo de pás. Em paz.
Quando eu lembro das madrugadas sinto-me como quando a vovó me disse que a pá tinha ido e que ela tinha nojo da pá. Também senti nojo de quem eu deixo velado aqui, das pás.
As pás vão, os baldes ficam.
Não é porque ela jogou a pá fora que ela esqueceu de que serve uma pá.
Dá pra encher ainda muitos baldes de areia, vontade e futuro com minhas próprias mãos.
E, sempre haverão natais, páscoas, aniversários.
Sempre haverão surpresas e cor.
Meus baldes de dentro são enormes.
domingo, 9 de agosto de 2009
Como meu pai (com batata>)
Não é fácil ter que brigar um pouco com ele e tanto comigo mesma sempre e de novo.
É um programa de tv, é política, futebol, lugar na mesa e no coração. Gaveta aberta, luz acesa, roupa amassada -"pára de ser relaxada, menina!".
Meu pai é o que me aproxima de mim e sabe que desperta o melhor e o que tem de feio aqui dentro e lá fora.
Meu pai é a pessoa mais dura e mais coração mole que eu tenho. Talvez quem tenha tentado me preparar para os não's e buracos da vida, mesmo que ele seja sempre o primeiro a dizer sim.
Sim, eu tenho meu pai. Acho que sei disso desde uns quatro anos... "faz charminho que o papai dá". E assim eu virava o pescoço de lado e tinha o mundo, chocolates, bonecas e meu pai ao meu dispor.
Sou a filhinha dele, que estranhamente escolheu a cerveja na hora que deveria ter escolhido água com gás. Sei que isso pode ser assustador pra quem não come nem bombom com licor, mesmo assim, às vezes, ele deixa escapar um mini-riso achando graça da diferença que cresceu na mesma medida que fui crescendo.
Na hora que escolhi a tal moda no lugar do direito... Mesmo com os olhos anuviados, ele engoliu. Ao final dos quatro anos eu vi meu pai...Descabelado, descadeirado, me ajudando a arrumar as folhas da monografia, negociando preço na estamparia.
O mesmo pai que tinha me dito "bobagem moda, você não é rica", era o pai que não escondia o riso orgulhoso ao ler cada linha de um texto que ele não entende bem até hoje, era o mesmo pai que em fila de banco contava a qualquer um que pudesse ouvir da filha designer de moda "ela que escreveu o discursO da turma, quer ler>"-E foi assim que li o mesmo discurso algumas muitas vezes pra família, pra vizinhos, sempre sob o olhar atento e brilhoso como os seus cabelos de índio.
Acho que é isso, os filhos no início são historinhas infantis fáceis de se ler.Tá chorando> Deve ser cólica, ou fome.
Depois viramos contos curtos e um pouco mais emaranhados, os pais lêem e passam a ficar suscetíveis ao erro.
Quando viramos livros de mais de 500 páginas em algum dialeto perdido turco as coisas começam a complicar...
Hoje, acho que eu e meu pai caminhamos para um best-seller.
Ele ainda ri dos meus dramas, mas segura minha mão quando estou com cólicas.
Aliás, meu pai sabe como fazer meu ovo frito molinho e sem pelinha, sabe exatamente o absorvente que eu uso e sabe quando eu preciso que ele brigue comigo pra poder brigar por mim.
Quando levei a maior rasteira dos últimos tempos, ele me deu praticidade e emprestou a piada pra rir do que eu chorava tanto.
Descobri que meu pai não é super, e que ele também se machuca, ele cai e pode (incrivelmente) sangrar.
Não acredito que meu pai possa morrer, ele é dessas pessoas que vão estar sempre por aí. Sempre prontas pra próxima gracinha, briga ou implicância gratuita.
Meu pai é de longe referencial de gente boa, e ouço desde que me entendo que eu "sou todinha meu pai". Geniosos e malandros e de coração grande... Não sei isso é bom, mas é o que somos.
Ele tem defeitos, muitos... Mas, não penso em outro pai pra mim.
Tenho orgulho da pessoa que ele é e me ensina todo dia um pouco a ser.
Ainda bem que ele não vai ler isso aqui...porque sei exatamente o que ouviria:
"Escreveu textinho pro papai, dá um abraço vai!!! Dá um abraço!"
Depois, diria algo do tipo "Diodoro", é D-E-O-D-O-R-O, PAI! DEODORO!- só pra me irritar!
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
Réplica_Meu pé de laranja lima.
Muito cri-cri que é veio prontamente comentar comigo, ou seja: fazer piada!
Segue a conversa:
(em itálico são os meus comentários.)
Annanda diz:
.Cara foi lindo! Tem um conto africano que diz que o baobá se achava muito feio. E ficou pelo mundo procurando o criador. Achou-o na África e pediu para mudar. Quando deus a colocou de cabeça para baixo, tanto que a copa da árvore parece suas raízes.
Nota-se aí minha sensibilidade diante dos pequenos prazeres da vida.
karol diz:
.zzzzzz...
.Não consigo fingir interesse neste assunto.
.Eu não gosto de plantas!
.Ah! De flores eu gosto.
.Amo tulipas e lírios bem embrulhados com laço de fita, serve?
Já neste ponto fica claro o sarcasmo e falta de lirismo da minha amiga.
Annanda diz:
.Não!
.E assim ela se tornou sagrada pelos africanos, por que tem o poder de elevar o que está na terra para o céu e traz o que é do céu para terra!
Ok! Nessa hora pareço meio hippie demais...
karol diz:
.E nessa hora os africanos descobriram que as folhas do baobá são alucinógenas e inventarem tudo isso!
Admito... Essa foi muito boa! Insensível... Mas, boa!
Annanda diz:
.hahahaa
.Mas ela pode viver até seis mil anos! E armazenar 120 mil litros de água!
Sim! Eu sou nerd. Mas é realmente interessante, né?
karol diz:
.Coitada!Imagina a agonia de viver seis mil anos!
.Se pelo menos armazenasse vodka, passaria mais rápido!
Demonstração da falta dos órgãos... Nessa faltou coração!
Annanda diz:
.Vc precisa de mais contato com a natureza.
Precisa mesmo! Nada como abraçar um Baobá!
karol diz:
.Mas eu tenho um Maltês!
SEM COMENTÁRIOS!
Sétimo dia.
Quanto tempo faz?
Não queria dizer isso, mas hoje sei qual foi o dia que vi seus olhos mais tristes.
E de repente ficou claro que eu que os fiz assim. Não sei se cabe perdão, porque você foi cruel também, é.
Achei que machucando você minha dor pararia, ficaria boa, e estancasse.
Mas não, ainda doeu um tempo depois de eu te sussurrar o meu gozo.
Não me arrepende a tua ferida.
Abriria teu peito de novo, faria mais uma vez seu coração em pedaços.
Gritaria bem baixinho que você foi apenas e tão somente apenas.
Falaria pra você me deixar, porque você me deixou,
Na chuva, no ponto de ônibus e aqui...
Me deixou esperando e com esperança que viria.
Me deixou esperando mesmo sabendo que você nunca ia.
Te mataria em domingos de manhã, a beira do mar,
Te mataria às quartas,
Mataria enquanto escovo os dentes.
E mataria em praça pública.
Eu não sabia, mas viveria te matando incessantemente,
Viveria querendo que você morresse,
Pra então chorar essa morte, me arrepender, querer de novo, deixar que morresse,
E, começar tudo de novo.
*imagem Eduardo Recife.