Fé.

Eu não sou uma pessoa comedida.

Tento, tento, tento.

Não sou.

Não falo baixo, não rio baixo, não consigo ignorar.

No entanto, sempre medi minha fé. Comedia minha fé pelas boas maneiras que nos dizem que convém ser um tanto descrente.

Eu creio.

Nunca fui dada a grande comoção.

Pra quem me conhece sabe que fui criada dentro de uma religião espiritualista de origem japonesa, o que faz muitos amigos de início pensarem que eu sou hippie. Eu não sou hippie.

Meus pais aos 18 anos se conheceram e decidiram que ficariam juntos e deveriam, por isso, ter uma religião e criar seus filhos nela.

Decidiram pela messiânica e um pouco por mim também.

Meu pai com o passar dos anos tornou-se um sacerdote dessa religião, uma espécie de padre ou pastor, que chamamos "ministro".

Minha mãe professora de Ikebana, uma das colunas dessa religião é o belo.

Não era muito inclinada.

Meus pais largavam sábados de Sol para ir pra igreja.

Meu pai deixou muitos aniversários meus pra ir pra igreja.

E, tantas outras renúncias que não me permitiam enxergar nada além da mágoa e raiva mesmo.

Puta sacanagem!

Resolvi estudar as tais ciências humanas e pra quem estuda isso torna-se um tanto mais difícil acreditar em qualquer instituição que é obviamente constituída pelo falho (e não menos encantador), Homem.

Há um ano e meio comecei a frequentar um curso de formação, pra saber em detalhes o que eu fui descobrir que já trago no sangue.

Gratidão, amor, fé, altruísmo.

Comecei com pequenas práticas: Ouvir mais meus pais.

Tudo deu certo.

Realizei meu sonho. Uma coisa que se fala muito é em mudança e força de sentimento e pensamento.

Devemos estar alinhados com coisas boas, com o que queremos e em primeiro lugar: com o que agradecemos.

Já agradeceu o ar que respira hoje?

É um papo meio chato? Pode ser.

O fato é que quando encontrei a Minha igreja aqui eu me senti aí.

Fui em questão de segundos teletransportada para o Brasil.

Pro abraço de quem eu amo e sinto falta, pro colo de Deus.

Acho que as pessoas que dizem que não acreditam se apegam muito a formas, a coisas velhas...

Deus não é o homenzinho em cima das nuvens.

Deus pra mim é o amor que eu sinto e o amor que sentem por mim, a natureza, a ordem natural, é poesia sem precisar de palavras.

É a lei, o Universo... Não é fácil acreditar em Algo que pode ser tudo e É.

Tive provas, temos todos os dias.

Hoje minha "tia" me mandou esse recado:

"...todos os messiânicos do mundo inteiro estão vendo o mesmo sol, a mesma lua que eu vejo aqui no Japão. Eu posso estar a milhares de quilômetros de distância dos messiânicos da Europa, da África, das Américas, mas estamos pisando o mesmo solo, somos uma coisa só..." KYOSHU-SAMA

Kyoshu-Sama é nosso "Papa".

Isso me emocionou demais.

E, o segundo carinho do dia... Hoje, comemoramos nosso Natal. Cheguei a igreja sede de Lisboa, e ganhei de presente um ímã de geladeira.

Um tucano de madeira...rs

Foi sem dúvida o melhor presente que eu poderia ter ganho.

Hoje, entendi que meus pais "trocavam" seus dias de Sol, pra pintar Sóis para outras pessoas, como hoje pintaram pra mim.

Feliz Natal de Meishu-Sama!