domingo, 18 de janeiro de 2009

Quando tudo pede mais vida.

Saio correndo daqui.
Mas os bares não adiantam mais.
A dor tem endereço e dorme no quarto ao lado.
A vontade do ovo estalado no prato cor de abóbora só não é maior que a saudade de quando você era inteira.
Teu corpo diminui e a falta cresce.
Desculpa não ser a mesma por você também não ser mais.
A mesma.
A minha.
A gente.
E, quando a gente lembra daquele tempo nem parece que você vai esquecer.
Vou te lembrar quantas e quantas e tanto for ainda necessário.
Que a tua vida foi boa.
Que a tua jornada foi de verdade.
Que você amou e foi amada por um homem bom, e que uma vez uma samambaia caiu na cabeça dele.
Que aquele neto ainda vive.
Que teus filhos não são tão crianças.
Que teus netos querem por você.
Que você teve a sua menina, e que ela sou eu.
Que eu ainda acredito que não está sendo à toa...e se um dia você ficar boa?
A gente acorda e tá tudo no lugar...o feijão no fogo, a pontinha da orelha, a mão na cintura, o montinho no pé.
Já sinto por hoje.
Você já existe pra sempre.

5 comentários:

Maviane Motta disse...

Lindo! Me faz lembrar de minha mãe, tão viva, doce, anja...rsrs...me faz pensar no amor!
beijos

Roberta disse...

Me fez chorar por tá perto demais da tua vida e entender cada uma dessas linhas...

Flávia Guilherme disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Flávia Guilherme disse...

Depois de ler o recado da Roberta, imagino que seja mais que real e até triste.
Mas, literatura, músicas e poemas, dão o direito livre de interpretação e saiba, essa aí também sou eu.
Amei

Camila... disse...

Aiii que coisa mais linda!!!! Belíssimo texto, má friend.

Beijo