Saio correndo daqui.
Mas os bares não adiantam mais.
A dor tem endereço e dorme no quarto ao lado.
A vontade do ovo estalado no prato cor de abóbora só não é maior que a saudade de quando você era inteira.
Teu corpo diminui e a falta cresce.
Desculpa não ser a mesma por você também não ser mais.
A mesma.
A minha.
A gente.
E, quando a gente lembra daquele tempo nem parece que você vai esquecer.
Vou te lembrar quantas e quantas e tanto for ainda necessário.
Que a tua vida foi boa.
Que a tua jornada foi de verdade.
Que você amou e foi amada por um homem bom, e que uma vez uma samambaia caiu na cabeça dele.
Que aquele neto ainda vive.
Que teus filhos não são tão crianças.
Que teus netos querem por você.
Que você teve a sua menina, e que ela sou eu.
Que eu ainda acredito que não está sendo à toa...e se um dia você ficar boa?
A gente acorda e tá tudo no lugar...o feijão no fogo, a pontinha da orelha, a mão na cintura, o montinho no pé.
Já sinto por hoje.
Você já existe pra sempre.
5 comentários:
Lindo! Me faz lembrar de minha mãe, tão viva, doce, anja...rsrs...me faz pensar no amor!
beijos
Me fez chorar por tá perto demais da tua vida e entender cada uma dessas linhas...
Depois de ler o recado da Roberta, imagino que seja mais que real e até triste.
Mas, literatura, músicas e poemas, dão o direito livre de interpretação e saiba, essa aí também sou eu.
Amei
Aiii que coisa mais linda!!!! Belíssimo texto, má friend.
Beijo
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