sexta-feira, 15 de abril de 2011

Do que pode ser culpa.

Hoje foi aniversário de um irmão meu.
Não falei com ele, não sei mais seu número.
Esse meu primo que foi criado em parte pelos meus avós, em parte pelos meus pais, transformou-se em um irmão mais velho...
De mais velho só seus três anos que constava em alguma certidão.
Ele sempre me teve como exemplo.
Prometeu que sua filha mais velha seria minha afilhada... Também não sei mais dela.
Não sei se me culpo, não sei se existe culpa.
É chocante você ver um pedaço seu se desgrudar, sentir que o que antes era sangue, domingo e ovo estalado no prato cor de abóbora, hoje cheira a naftalina e a falta de notícias.
Lembro de quando meus pais me contavam de como eram amigos de seus primos, que alguns eram irmãos de criação também... E, eu do alto dos meus dez anos ou qualquer coisa ficava revoltada com eles, com sua falta de cuidado...
Como se perderam?
Como não tem um número? Endereço?
Cadê os finais de semana, o bolo de aniversário e o primeiro pedaço?
No que se transforma uma família quando passa?
Hoje, esse meu irmão deve estar dormindo mais velho... 27 anos...
Ele faz o favor de envelhecer na minha frente, assim eu me acostumo em ser adulta também.
Ele fez isso com o casamento e os filhos que já são dois... Será que são mais?
Hoje, Thiago, eu pensei em você.... Desejei por um instante breve, sem qualquer senso ou maturidade, que o tempo voltasse, e nossos erros não passassem de perder no megadrive e ser o que fica de fora na rodada. Desejei que nossos erros fossem nas palavras-cruzadas da Coquetel e não no que deixamos de dizer, ou não se entendeu.
Hoje queria nossos avós... Rabugentos, reclamando de você, vendo Chaves, pão da silbene, Coca-Cola, Maggiore e a felicidade que eles traziam ou embrulhada pra viagem, ou na alegria de nos ver... Pura e simples.
Queria os tios e a briga pelocanal: Faustão, Gugu ou futebol?
Queria o cachorro-quente da van da porta do prédio e como você sempre ia buscar pra mim.
Estou aqui ou aí, se você estiver... Parabéns.

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