sábado, 31 de julho de 2010

Disney e eu.


‘-Hoje o príncipe da Branca de Neve brigou com o Mickey.’

O Mickey com roupa de festa é o Sebastian e é uma menina fofa que tentava puxar assunto todos os dias.

Mais incrível que os diálogos e as bolinhas de sabão que tomaram o maracanãzinho era o balé que acontecia no backstage.

Pra quem não sabe, essa que vos escreve é produtora, ou aspirante a..

Tinha as tarefas e durante os 12 shows do Disney on ice no Rio, eu era a responsável, junto com 3 colegas por vestir e pelas fantasias e malhas dos personagens, príncipes e princesas, patinadores. E, durante as 12 apresentações fazia as mesmas coisas,e as outras pessoas também. Sabia, por exemplo, que estava atrasada pra ‘quick change’ da Mulan, que acontece na coxia se o carro do monstro da Bela Adormecida estivesse em posição de entrar no gelo. Eaí, tome correr, desviando de fadas, princesas e peixinhos!

A Úrsula (bruxa da Ariel) era um bielorusso que mais parecia um armário, o que contrastava com a sua docilidade. Eu colocava as luvas no Mr. Gana, e pensava que fantasia ás vezes é melhor na realidade.

Logo no primeiro dia me perdi pra chegar lá [o que aconteceu nos 4 dias seguintes], mas, a fila de princesinhas me guiou até o portão principal.

As menininhas vestidas com a indumentária da princesa favorita, já valeram ter aceitado o freela.

Coisas mais lindinhas, enquanto os pais se revezavam entre pipocas, algodão doce e varinhas mágicas, pais deviam ter uns 4 pares de braços.

Isso! Tudo! Absolutamente tudo era mágico!

Desde a secadora [minha Best friend forever] ás perucas multicoloridas [que são, dentre outras coisas, limpas com Listerine], tudo parecia ter saído de um conto de fadas pra qualquer um que trabalhe com produção ou não.

Vestia a parte de trás do camelo do Aladin, um senhor russo de 74 anos... Eu ficava nervosa de ter que vesti-lo no gelo, ele e o outro russo- acho que só de sacanagem- só entravam na fantasia na hora do show começar, e tome prender clip em patins, arrumar patas de camelo e o zíper sempre prendia nas suas áreas baixas (tadinho).

E, na hora de vesti-lo como o Tritão, pai da Ariel, eu morria de vergonha. Vlad, o mais anti-social da trupe, não fala com ninguém, qual não foi minha surpresa quando no dia que acertei a ordem da troca (um ritual!) ele abriu um sorriso (!!!) e disse em um esforçado português: “obrigado!”- acho que ando muito sentimentalóide - mas meus olhos encheram d’água. Acho que eu faço as coisas direito ás vezes...

Os anões, o candelabro, o gênio tudo que era antes desenho ganhou forma, movimento, dimensão, e mesmo sabendo quem estava atrás das máscaras era impossível não ficar meio boba, até os mais velhos ficavam bobos- eu também! Eu também!- diante das Minnies e sininhos.

Ah! O gênio é um cara coreano-alemão que nos divertia aprendendo português, e o mais incrível é que os patinadores parecer ter a alma de seus personagens. O extenso vocabulário era meso genial rs, se resumia a: ‘cala boca, seu puto’ e ‘merda’. Merda era a resposta que eu ouvia para TUDO, e ainda tinha que aturar ele me imitando... Ficou me devendo 3 desejos...Mas, ganhei bobeiras de doer a barriga de rir.

Tem –senão me engano- dois meses que fiz o Disney on ice- que apesar de tanto frio, conseguiu esquentar meu peito, acho mesmo que aprendi que sonho e fantasias dependem de zíperes, velcro, vontade, tempo e muito, muito trabalho.

Pra sonhar não pode ter preguiça.

E, ao contrário do que se imagina, tem que acordar cedo e estar atento.

Ah! Depois dessa experiência, me perdoei por esperar um príncipe...É uma indústria de manipulação. Uma linda e incrível indústria.

Mas, quero um príncipe a la old school. Please! Porque 99,9% dos príncipes poderiam, facilmente, fazer parte do casting das mocinhas que esperam nas torres.

Pobre de nós, menininhas, vestidas com nossa indumentária de princesa favorita que aguardam o show começar! rs

Mas, veja lá... Às vezes o príncipe não está com a roupa de festa, nem a cavalo... Mas, atrás de uma fatasia de Pluto, Úrsula, Peixinho...


terça-feira, 27 de julho de 2010

Sobre meus sacis.

Eu acredito em saci!
Sim! Acredito em saci, iara, negrinho do pastoreiro, curupira e tudo mais que povoa o imaginário coletivo e fantástico.
Pra quem não sabe sigo em pouco mais de um mês pra Portugal, fico uma temporada na terrinha pra estudar gestão cultural. Encasquetei que vou encontrar justificativa pra uma hipótese de como a identidade cultural influencia nos métodos de gestão, e vou com essa e muitas outras idéias, algum medinho (que eu sou filha de Deus) e meus sacis.
Ah! E, claro... Pouco dinheiro! Porque todo sonho que se preze tem que ser agarrado com as unhas... E, eu tenho ajuda de um timão e dos meus sacis!
Por isso hoje está lançada na rede a campanha "Mande a Annanda pra terrinha".
Muitas pessoas já aderiram e vestiram a camisa (literalmente). Filas se formam todos os dias na porta da minha casa! Uma febre!
Aqui você vai encontrar mais informações e ficar sabendo da minha saga pelo mundo e como os sacis se comportam além oceano.
Como você pode fazer pra ter o seu saci?! Me manda um email (galvao.annanda@gmail.com) ou deixe um comentário no blog ... Em breve vou colocar mais estampas pra fazer!
No blog também vou postar coisinhas que aprendi durante a minha pesquisa sobre folclore e fotos da pessoas que já compraram a camiseta, quase uma torcida organizada!
Eu acredito em sonhos e Sacis. E você?!


terça-feira, 13 de julho de 2010

I'll be there for you



'Cause you're there for me too"

Minha amiga casou.
Até aí tudo bem. Mas, eu não sei se vocês tem uma Ana na vida de vocês.
A minha sempre esteve.
Reza a lenda e contam nossas mães que nos conhecemos aos seis meses de idade. Tomando sol no pátio do prédio onde morávamos. Ana já era minha amiga sem que eu precisasse escolher, me apresentar, perguntar onde ela morava ou coisas assim.
Ana já era.
Toda a nossa infância foi como unha e carne ou Barbie e Ken, ou corda e caçamba. Dessas coisas que andam juntas mais por serem mesmo. A casa dela era a melhor de brincar, e por dias ficava montada a nossa cabaninha no meio da sala. (Tia Valéria sempre teve vocação pra samaritana.rs)
Quando ela mudou do prédio ficamos arrasadas. Mas, como estudávamos no mesmo colégio não foi um grande problema. Não éramos da mesma turma e quem saísse primeiro ia buscar a outra na porta da sala. E, era assim. Se Ana não estivesse na minha porta, eu certamente estaria na porta dela.
Foi a vida toda, é a vida toda. As primeiras festas, os primeiros porres, a primeira a descobrir a utilidade do absorvente ( e contar pra outra sussurrando desolada), o primeiro beijo, a primeira desilusão. A primeira amiga.
Lá pelos 5 anos, reza a lenda e contam nossas mães... Inventamos que iríamos juntas morar em Niterói quando crescêssemos. Sabe lá onde ouvimos isso. Fizemos vestibulares... Me inscrevi pra outra cidade. Deu um problema no convênio da Universidade, ou era só a vida que quis a gente junta. Ela passou pra UFF, eu passei pra UFF. Vimos o resultado juntas. Ela me ligou pra contar que eu iria pra Niterói, eu iria dividir a beliche com ela.
Dividimos mesmo.

Noites conversando até cansar ou a voz faltar.
Festinhas no apartamento bem estilo sonho, filme americano ou o que duas garotinhas do alto de seus 5 anos ante viram um dia.
Eu chegava na hora que ela saia pro trabalho e, talvez por isso, a gente se ame tanto.
A gente nunca brigou. Nunca. Nem discussão, nada. E, nosso silêncio diz mais que horas de conversa. A gente sabe o que se passa com a outra só de ver. E, dá um abraço aqui e pronto. É nosso jeito de dizer “tá tudo bem”.
A Ana não lava macarrão, eu lavo.
Eu lavo lingüiça com detergente e ela fica possessa.

Ela deixa calcinha no Box e isso me mata.
Nos 15 anos dela teve valsa e troca de vestido, no meu churrasco me jogaram na piscina.
Enquanto ela me ligava pra contar do noivo eu tentava lembrar do nome do cara que eu fiquei.
A Ana casou e eu vou embora. (Mas eu quero casar! Veja lá!rs)
Em comum temos a tal coragem, o tal passado, o presente, a tal verdade, o amor e muito futuro. Tem futuro até onde tem passado, até onde é presente.
Adiei em seis meses meus planos pra ver o que se deu ontem. Pra assistir ela se dar a alguém, e é pra vida toda.
Valeu a pena sentir meu coração saindo pela boca.

Valeu a pena estar no altar e ser testemunha, ser madrinha.
Um pedaço meu casou, comprou fogão e numa hora dessas tá sonhando com o nome dos filhos e todas as coisas simples e gostosas que devem ter na vida de quem fica junto.
O filminho que passou na minha cabeça e os risos líquidos que saíram dos olhos são a minha certeza de que amor, amor existe.

Amor pesa e é leve. Amor enche.
Amor é desejar pra ela o que desejaria pra mim, só que do jeito dela.
Só que na hora certa e não atrasado.

Só que sem rompantes ou extremos.
Ana é meu equilíbrio, meu pedaço de terra firme.
É pra quem eu digo “vai” e ela vai, mas, que sempre, e sempre mesmo,
Fica.


ps.: Essa foto está péssima. Mas, é a mais linda. Não, não vou contar que eu forrei a tábua, abaixei a calcinha, segurei a saia e a noiva pra ela "se recuperar".Nem se me torturarem eu conto!

terça-feira, 6 de julho de 2010

Tácito.



E parece que eu já sabia.
Não quis acreditar nas minhas previsões,
Fechei os olhos pra evidências.
Bobeira, bobeira.
‘a onda ainda quebra na praia’
E a cadeira vazia é só espaço pro que vai chegar.
Eu também não fiquei.
Eu lembro a areia nos dedos.
Eram meus. Era minha. Soou assim.
Do suor que escorreu no olho.
Do que escorreu do olho.
Da sombra na curva do aterro.
O Rio continua.
De janeiro, volto em março.
Sei pra onde vou, e sei que me procuro.
Não sei e procuro.
E a vida saída de revista que jogo pro alto,
E à vida saída de revista que jogo pro alto:






- Eu volto, eu volto.

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