Eu não procuro mais.
Ando e vou achando esquinas e mais esquinas.
Descubro no caminho o caminho.
Conhecer o mundo é mostrar a alma da gente do avesso pra gente mesmo.
Descobri que eu sou chata, que estar pra lá de Marrakech confere em mim um sentido oblíquo do que, ora, hora antes, era retilíneo.
Queria ser uniforme.
Descobri que sou menos poesia e mais lirismo.
Descobri que coberta de lenços, mulheres se revelam.
O olho é a janela do lenço, é a brecha pela qual mulheres de todo o mundo deixam escapar.
A gente se entrega... Pro menino bobo, pro sheik, pro cara que sabe fazer rir.
E, vai sendo assim...
Ofereceram alguns camelos e uma loja de lenço pro amigo que me acompanhava no mercado... Juro! Eles vão falando... e não sei qual é a medição, mas na África eu valho em matéria.
Quando cheguei no Marrocos só conseguia pensar "absurdo"
Absurdo mesmo é a gente não ser feliz.
É ter tanta gente na miséria a sorrir.
É naja no meio da praça, é macaco pra todo canto.
Absurdo é o Deserto do Saara, andar horas só tendo como guias nômades que falam dialetos perdidos.
Que me deixam perdida.
Absurdo eu estar aqui, lá.
Eu ainda estou lá... Em meio a um mundo de areia, em cima do maior dromedário da fila, pensei que queria minh'alma imensa.
Quero que o mundo ande sempre comigo... Me senti dona dele por alguns minutos.
E, A-D-O-R-E-I!
Recomendo a todos que não sabem o que fazer, que estão tristes ou sei lá o que...
Veja o Sol.
O Pôr-do-Sol mais lindo que já vi foi ao lado de mim mesma e rodeada pelo amor de vocês.
O Pôr-do-Sol mais lindo que já vi foi ao lado de mim mesma e rodeada pelo amor de vocês.
As misérias do mundo existem, sabia que o couro é curtido com cocô de pombo?! E pra isso famílias inteiras vivem na sujeira e homens passam o dia mergulhado na merda?
Isso não tem métrica, né?!
Não versa.
A vida muitas vezes é assim.
Encontrar sorrisos no meio da sujeira é esforço e deveria ser dever de todos.
Entre muitas outras coisas os Marroquinos me ensinaram isso.