domingo, 15 de julho de 2012

Tudo o quanto for.

Gongolo, dormideira, filhotinhos.
Pedra, musgo, limo.
Hortelã.
Tudo o quanto for natural.
Deixe assim.
O toque, o sutil, a interrogação ante a certeza.
O corpo. a forma. Os braços ante o braço.
Correr sob pedras, sobre pedras transcorrer e dizer ao outro tudo que passou, tudo que ainda, inevitavelmente, espera.
Antes de estragar tudo, espera só mais um pouquinho.
O outro amor, vibra, transforma e transtorna o que poderia.
O que poderia?
A falta de tempo, um novo amor, a falta.
Alimentar a pele e as esperanças.
Ele natural dali, Ela de lá.
E, aqui jaz.
Sem lugar e com espaços enormes no peito, no discurso, na vida e no tempo.
Bromélia cheia d'água.
Orquídea violeta.
Rosa amarela.
Gérbera laranja.
Deixa assim, só me traz e dá o que for natural.
Andar descalço, querer que melhore.
Espalhar lavanda pela casa.
Parar de fumar, porque o outro não pode mais.
Ter a certeza que o melhor café do mundo é o dele.
Eu sei, você não toma mais café. Te faz mal. Nostalgia ou enjôo, Querida?
Ele não está, nem vai, nem vem.
Sirva uma xícara pra quem está do seu lado e precisa, abrace.
Torcer e de olhos fechados pedir, mas, só pelo outro.
Ficar junto, mesmo quando e as vezes que não se está.
Entender o bicho selvagem que reside, o nativo,
A tua doce, arredia e imprecisa natureza.




sexta-feira, 6 de julho de 2012

Carta a um desavisado.


Caro Desavisado,
Eu sei... Ninguém te avisou.

Antes de mais nada, preciso mesmo lhe explicar a razão desta carta: Ouvi dizer, (ou você me disse?), que você estava meio assim, sei lá. Meio sem saber se vai e se fica e, isso tudo seria no mesmo lugar.
Olha, nada do que eu escrevo aqui faria sentido pra mim, mas, eu realmente espero que faça pra você. Tem algumas pessoas que parecem nosso reflexo ou aparecem no reflexo.  O que poderíamos ter sido. Eu nem te conheço direito- ou demais- e, sinto isso, talvez eu também não tenha me conhecido direito um dia.
Das poucas coisas que aprendi nesses anos, quero dividir uma ou duas contigo, pupilo.
Não se desiluda, conserve tuas lágrimas a postos. Isso te manterá vivo, são.  Orgulhe-se delas e não disfarce com cílios, óculos, ciscos. Nada de migalhas e muitos exageros!
As coisas que transbordam é o cantinho onde a vida fica. São as coisas que não são coisas, entende¿ Desconfio que sim...
Não é manter ilusões, é acreditar. Não sei porque acreditar passou a estar vinculado a ilusão, como se verdades fossem como fadas do dente ou papai Noel.
Enfim, praia é legal, frio também, gente que te sacaneia? São seus melhores amigos. Sério!
Você entende depois de um tempo que aquela traição foi o impulso necessário pra pegar o primeiro avião em busca de um sonho ou que aquela fofoca idiota era tudo que você precisava pra ser mais verdadeiro, mais ainda e sempre. Reconheça seus facilitadores, aprenda e se afaste quando chegar o tempo.
Acordar cedo é necessário, trabalhar poder ser um saco, todavia, evita suicídios e porres diários.
Para de corrigir as vírgulas, nem dê tanta atenção ao número de parágrafos, não brigue... No final, ninguém nunca sabe quem foi que começou ou qual o porquê do qual e porém dos afins.
Contudo, preciso te avisar, não será tão fácil e as vezes é pesado. Dói e não dá pra ficar falando sobre tudo todo dia (eu até gostaria). Há que ser generoso.
Acho que esse é um segredo: generosidade. Com os outros e principalmente com você mesmo.
Um olhar mais doce deixa tudo melhor. Não é ser idiota, é saber profunda e totalmente a verdade. E, mesmo assim escolher o lado mais doce, o melhor, “não foi por querer” ou ainda “ foi por querer, e eu não me chateio tão fácil”.
Mudar de fase é foda. Eu lembro que quando sai do Rosário eu sofri muito, faltava ar. Era medo da próxima etapa. Mal sabia eu que ia pro lugar que eu mais amei. Fui amada por cada disciplina, professor mal-humorado, cadeira quebrada, encontros na cantina, fui amada pelo que me tornei, de repente... Voilá! Aquilo tudo que você sempre pôde ser, vira você... Distraído e de uma maneira quase orgânica. Você tem os amigos que quer, as conversas que nunca imaginou poder participar, as festas mais selecionadas com música que você costumava ouvir sozinho no seu quarto. Hey, cara! Isso existe...
Sim, você está certo... Você não precisa de uma instituição pra isso... Nem você, nem Jobs.
E, nem acredito que alguém deva te convencer, você deve querer, com cada pedacinho, cabelo e unha encravada.
Mas, vai que você vai preso! Cela especial, saca¿
Nada vai ser melhor que os anos que você estiver na Universidade? Mentira, utopia está aí pra isso... Mas, é verdade que estar lá é a desculpa perfeita pra todo o resto, de que você está fazendo algo de relevante enquanto você sai, vai a praia, se apaixona uma vez por mês, tem ressacas e notas baixas. E, mais uma vez... Tcharam: Passam-se 5 anos e você, de fato, fez algo útil. Você se distrai e nasceu um sonho, uma vontade.
Da etapa seguinte, estou ainda descobrindo os pormenores... Prometo fazer um bom trabalho e mandar tudo por correio.
Estou pensando nos custos.
Meus sinceros votos de sucesso,
Uma desavisada.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Trechinho ou chame do que quiser.

Meu amigo Rafael Mendes postou um trecho de livro... Vi e tive que salvar... Hoje acordei pensando no que li.
Divido aqui:

 "Têm sido assim meus dias. Sou mais feliz que 97,6% da humanidade, nas contas do professor Schianberg. Faço parte de uma ínfima minoria, integrada por monges trapistas, alguns matemáticos, noviças abobadas e uns poucos artistas, gente conservada na calda da mansidão à custa de poesia ou barbitúricos. Um clube de dementes de categorias variadas, malucos de diversos calibres. Gente esquisita, que vive alheia nas frestas da realidade. Só assim conseguem entregar-se por inteiro àquilo que consagram como objeto de culto e devoção. Para viver num estado de excitação constante, confinados num terrítório particular, incandescente, vedado aos demais. Uma reserva de sonho contra tudo que não é doce, sutil ou sereno. É o mais próximo da felicidade que podemos experimentar, sustenta Schianberg. Não sei o nome que você daria a isso. Bem, não importa muito, chame do que quiser. Eu chamo de amor." Marçal Aquino, Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios.